
A jornalista Pauliane Araújo usou as redes sociais nesta quarta-feira (12), para falar sobre um assunto muito delicado: violência obstétrica. Nas imagens, a repórter da Record Bahia revelou os momentos de terror vividos no Hospital Português, em Salvador.
De acordo com a jornalista, o parto, que aconteceu na terça-feira (4), foi lindo e deu tudo certo, mas o problema começou na sexta-feira (7), quando teve alta e precisou ser internada novamente.
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"Ao chegar em casa, poucas horas depois eu comecei com sangramentos fortíssimos que chegaram a uma quase hemorragia. Bruna [obstetra que realizou o parto] mais uma vez foi rápida o suficiente para me mandar para o hospital antes que eu entrasse em um quadro irreversível", descreveu Pauliane, explicando que teve uma laceração grau 2.
"Nesse processo da segunda internação que fomos eu, Diogo me acompanhando e Maria Helena, porque foi na maternidade de onde ela saiu, os pais dela estavam lá, a mãe dela estava lá, foi nesse processo que eu e minha família sofremos diversas situações que são caracterizadas como violência obstétrica", contou a jornalista, que fez questão de destacar que a violência obstétrica não acontece apenas durante o parto.
A repórter também relatou que em meio a dores e sangramentos, durante essa nova internação, foi mal tratada. "Uma das pessoas que estavam na situação disse: 'bora, bora e dá uma tapa no meu braço', eu falei: 'calma, pelo amor de Deus, você não está vendo a minha situação?'", desabafou Pauliane, ressaltando que jogaram os seus pertences para o marido e que agiram de forma grosseira ao pegarem o seu braço para colocar o acesso.
Confira o vídeo na íntegra:
Vale destacar que a mãe de Maria Helena afirmou que a ouvidoria do hospital já está em contato com ela.
Você sabe o que é violência obstétrica?
A violência obstétrica é o ato de desrespeito à mulher, sua autonomia e seus processos de gestação, parto e pós-parto, seja de forma física ou psicológica. O Governo Federal elenca uma série de situações que são consideradas como violência obstétrica. Abaixo, seguem algumas delas:
- Tratar a gestante ou parturiente de forma agressiva, não empática, grosseira, zombeteira, ou de qualquer outra forma que a faça se sentir mal pelo tratamento recebido;
- Fazer graça ou recriminar a parturiente por qualquer comportamento como gritar, chorar, ter medo, vergonha ou dúvidas;
- Fazer graça ou recriminar a mulher por qualquer característica ou ato físico como, por exemplo, obesidade, pelos, estrias, evacuação e outros;
- Não ouvir as queixas e dúvidas da mulher internada e em trabalho de parto;
- Recusar atendimento de parto, haja vista este ser uma emergência médica;
- Impedir que a mulher seja acompanhada por alguém de sua preferência durante todo o trabalho de parto;
- Impedir a mulher de se comunicar com o “mundo exterior”, tirando-lhe a liberdade de telefonar, fazer uso de aparelho celular, caminhar até a sala de espera, conversar com familiares e com seu acompanhante.
A lista completa com atitudes consideradas como violência obstétrica pode ser vista no site oficial do GOV.
Aplicativo para grávidas
Em julho deste ano, o Ministério Público da Bahia (MPBA) lançou o aplicativo Cegonha, uma nova ferramenta digital voltada para o acompanhamento da gestação, parto e pós-parto. Disponível para gestantes da rede pública e privada, o app permite o registro e monitoramento de consultas, vacinas, exames e outros compromissos do pré-natal.
Além disso, a ferramenta conta com um canal direto para denúncias de violência obstétrica, com opção de anonimato, estreitando o diálogo entre as mulheres e o Ministério Público.
