
Considerado um tema sensível e capaz de provocar gatilhos, o assédio moral no mundo corporativo que, por muito tempo foi ignorado e visto como bobagem, tornou-se campeão de causas trabalhistas. Uma pesquisa feita pela empresa S2 Consultoria, que atua no segmento de gestão empresarial, apontou que gerações mais antigas são responsáveis por cerca de 13% a mais dos casos envolvendo assédio moral, comparado às gerações mais jovens.
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A pesquisa indicou, também, que pessoas entre 18 e 29 anos são mais resilientes e resistentes a esse tipo de prática. A pesquisa, aplicada pelo cientista comportamental Renato Santos, em diferentes empresas privadas de todas as regiões do Brasil, indicou que o nível operacional é o mais vulnerável. Em entrevista ao MASSA!, Renato explicou o motivo pelo qual os profissionais mais velhos lideram as práticas de assédio nas empresas.
“Eles carregam o ranço de uma época em que humilhar subordinado era confundido com liderança. Não é biologia, é cultura. Quanto mais tempo de casa, mais chances de ter se acostumado ao termo ‘faz parte do jogo’. O problema é que o jogo mudou — só que alguns ainda não perceberam. As gerações mais antigas, como a minha (sou da geração X), cresceu assistindo ‘Trapalhões’, ‘Escolinha do Professor Raimundo’, entre outros programas que normalizaram o assédio e desrespeito e isso vem para dentro das empresas. A pauta assédio passava longe das organizações”, disse.

Jovens e mulheres
Os jovens e as mulheres aparecem como os públicos mais atingidos pelos casos de assédio. E, conforme esclarecido por Renato, também há uma explicação para isso. “São os alvos preferenciais. Jovens porque ainda estão construindo reputação e são mais fáceis de intimidar. Mulheres porque o machismo estrutural continua a tratá-las como alvo disponível — seja no assédio moral ou no sexual”, pontuou.
Questionado sobre quais medidas as empresas devem adotar ao tomar conhecimento dessa prática, o cientista comportamental passou as seguintes orientações:
“Primeiro: parar de terceirizar a culpa para conflitos de personalidade. Assédio é escolha consciente e repetida, não mal-entendido. As empresas precisam investigar de verdade, punir com rigor e, mais importante, revisar os sistemas de incentivo que alimentam o comportamento. Senão, é trocar o agressor e manter a engrenagem intacta. O assédio, infelizmente, não é especialidade de um setor. Ele se manifesta em qualquer ambiente onde haja hierarquia, pressão por resultado e líderes despreparados”, disse.
