
O período de fim de ano, marcado por viagens, festas e fogos de artifício, também traz uma realidade preocupante para protetores e profissionais da causa animal: o aumento significativo de casos de abandono, perdas e sofrimento de cães e gatos. Ao mesmo tempo, campanhas de adoção tentam minimizar os impactos dessa época, reforçando a importância da guarda responsável.
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Protetora independente há anos, Márcia de Miranda Souza, de 38 anos, relata que os números de abandono crescem consideravelmente nos meses de dezembro e janeiro. Segundo ela, animais doentes, sem raça definida e até mesmo de raça acabam sendo deixados para trás por tutores que viajam ou afirmam não ter com quem deixá-los.
“Os casos aumentam significativamente. Muitos animais já chegaram em estado grave e alguns vieram a óbito por causa dos fogos com estampido”, afirma.
Além do abandono direto, os fogos de artifício representam um risco sério à vida dos pets. De acordo com o médico-veterinário comportamental Rafael Ramos, cães e gatos possuem uma audição muito mais sensível que a humana, o que faz com que os estampidos sejam interpretados como uma ameaça real. “Os fogos afetam diretamente o sistema sensorial e emocional dos pets. O som intenso, as vibrações do solo e as luzes repentinas geram medo, ansiedade e, em alguns casos, pânico”, explica.

Entre as reações mais comuns estão tentativas de fuga, tremores, salivação excessiva, vocalização intensa, comportamentos destrutivos e até agressividade por medo. Em situações mais graves, o estresse pode provocar alterações fisiológicas, como taquicardia, vômitos e diarreia, além do desenvolvimento de ansiedade crônica.
Rafael Ramos destaca ainda que esse cenário contribui para o aumento dos abandonos. “Muitos tutores interpretam o medo do animal como desobediência ou problema sem solução. Cães que fogem durante os fogos e não conseguem retornar para casa também acabam entrando para as estatísticas de abandono involuntário”, pontua.
Especialistas orientam que, durante festas e queima de fogos, os tutores mantenham os animais em ambientes fechados, seguros e tranquilos, com portas e janelas bem vedadas. O uso de som ambiente para abafar o barulho externo, a criação de um local confortável onde o pet se sinta protegido e a identificação com plaquinhas ou microchip também são medidas essenciais.

O acompanhamento veterinário é indicado para casos mais sensíveis, evitando decisões impulsivas que possam colocar em risco o bem-estar do animal.
Apesar dos desafios, o fim de ano também pode ser um período de solidariedade. Márcia de Miranda, que cuida sozinha de diversos animais resgatados, reforça a importância das adoções responsáveis e do apoio à causa. Interessados em adotar ou contribuir podem entrar em contato pelo Instagram @marciagateira.
