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Top! - 02/08/2025, 07:40 - Vitória Sacramento

Festival da Cultura Afro-Brasileira 'invade' colégio na Fazenda Grande

Evento reuniu moradores, estudantes, artistas e artesãos locais

Manifestação cultural no evento
Manifestação cultural no evento |  Foto: José Simões/Ag A TARDE

As aulas no Colégio Estadual Luiz José de Oliveira, localizado na Fazenda Grande I, foram diferentes na tarde desta sexta feira (1º). O espaço recebeu uma celebração da cultura negra com a realização do Festival da Cultura Afro-Brasileira (FECAB). Gratuito e aberto ao público, o evento reuniu moradores, estudantes, artistas e artesãos locais em uma programação que exaltou a ancestralidade, a arte e o protagonismo da juventude afrodescendente.

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Idealizado pelo coletivo Cia Black Play Dance em parceria com a CIPÓ Comunicação Interativa, o festival é fruto do projeto LabCIPÓ e contou com apoio financeiro da Lei Paulo Gustavo. A proposta surgiu do desejo de transformar o território por meio da cultura e oferecer à juventude de Cajazeiras novas referências de identidade e futuro. Para Carol Xavier, integrante da equipe de audiovisual do projeto, o FECAB nasceu de uma vontade genuína de celebrar a cultura local: “A escola foi o ponto de partida, mas a intenção é alcançar toda a comunidade. O festival é uma semente que germinou aqui e que agora reverbera.”

A programação contou com roda de conversa sobre identidade e futuro, oficinas de dança afro, apresentações artísticas, além do espetáculo “Terra Mãe”, protagonizado por jovens da comunidade. Entre as participantes, Ana Raquel dos Santos, 16 anos, aluna do 9º ano, destacou a importância da experiência. “Já tinha feito algumas coreografias na escola, mas essas aulas me ensinaram muito. A forma como eles ensinaram tocou a gente. Foi mais do que dança, foi um aprendizado pra vida.”

Imagem ilustrativa da imagem Festival da Cultura Afro-Brasileira 'invade' colégio na Fazenda Grande
Foto: José Simões/Ag A TARDE

Um dos momentos mais esperados do FECAB foi a entrega do Troféu Representatividade Negra 2025, que homenageou personalidades negras que inspiram a comunidade. Entre os homenageados estavam o poeta e ativista Rilton Júnior; a professora e dançarina Gisele Soares, Deusa do Ébano 2017; a Miss Cajazeiras 2008, Núbia Luz; e o coreógrafo e atual Rei do Bloco Afro Os Negões 2025, Kenuu Alves. contente, Kenuu destacou a importância do reconhecimento: “Ser homenageado no lugar onde cresci tem um poder muito grande. A arte e a cultura caminham juntas e nos ajudam a contar nossas histórias. Espero que minha trajetória inspire outras pessoas aqui em Cajazeiras.”

Mas quem roubou a cena foi Lorena Bispo, Rainha do Malê Debalê 2023 e atual Deusa do Ébano do Ilê Aiyê 2025. Aos 22 anos, Lorena é dançarina, multiplicadora cultural, pesquisadora, escritora e criadora de conteúdo. Sua presença no evento foi mais do que simbólica: foi a afirmação da realeza negra contemporânea. “Minha existência é composta pelas multifacetas que me atravessam. Eu danço, escrevo, pesquiso, ensino. E tudo isso é política, é identidade, é realeza. Quero que mais meninas se reconheçam nesse lugar que é nosso por direito: o de realeza negra em vida”, afirmou.

Lorena compartilhou sua trajetória com o público, ressaltando o papel da educação na construção de uma identidade forte. Desde a infância, quando sua mãe a matriculou na Fundação Cultural do Estado da Bahia, ela trilha um caminho de arte e resistência. “Minha dança começa no útero da minha mãe. Tudo que sou é fruto de uma coletividade que me criou e me impulsiona. Ser referência é bonito, mas também é responsabilidade. A gente precisa estudar nossa história para ter legitimidade de ocupar qualquer lugar e saber se impor com verdade.”

Imagem ilustrativa da imagem Festival da Cultura Afro-Brasileira 'invade' colégio na Fazenda Grande
Foto: José Simões/Ag A TARDE

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