24º Salvador, Bahia
previsao diaria
Facebook Instagram
WHATSAPP
Receba notícias no WhatsApp Entre no grupo do MASSA!
Home / Cidades

Precisa melhorar - 03/12/2025, 06:00 - Vitória Sacramento*

Falta de acessibilidade trava inclusão de deficientes na Bahia

Bahia possui cerca de 1,2 milhão de pessoas com algum tipo de deficiência

Pessoas com deficiência enfrentam barreiras
Pessoas com deficiência enfrentam barreiras |  Foto: Raphael Muller/Ag. A Tarde

No Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, celebrado nesta quarta-feira (3), a Associação Baiana de Deficientes Físicos (ABADEF) voltou a chamar atenção para a urgência de fortalecer políticas públicas que garantam inclusão plena e autonomia à população com deficiência na Bahia. Apesar dos avanços legais e institucionais das últimas décadas, barreiras físicas, sociais e institucionais ainda limitam o acesso a direitos básicos como educação, mobilidade, saúde e trabalho.

Leia Também:

Segundo o Censo 2022 do IBGE, a Bahia possui cerca de 1,2 milhão de pessoas com algum tipo de deficiência, representando aproximadamente 7% de sua população. Entre elas, a deficiência visual é a mais frequente, seguida pelas deficiências motora e auditiva. As mulheres representam o maior percentual desse grupo.

De acordo com a ABADEF, fundada há 45 anos em Salvador, a falta de acessibilidade continua sendo o maior entrave para a plena participação social. “Ainda falta muita acessibilidade, ainda falta pensar sobre uma educação plena para todas as pessoas. Precisamos avançar ainda mais”, afirmou a presidente da entidade, Silvanete Brandão, que tem sequelas de poliomielite nos membros inferiores.

Calçadas irregulares, ausência de rampas, transporte adaptado insuficiente e prédios públicos sem adequações mínimas seguem comprometendo a mobilidade urbana. A situação se repete em ambientes privados e no mercado de trabalho, onde a inclusão ainda anda a passos lentos.

A Lei de Cotas (8.213/91) determina que empresas com mais de 100 funcionários reservem entre 2% e 5% das vagas para pessoas com deficiência. Mas o cumprimento efetivo ainda está distante: segundo dados do Novo Caged, apenas 1% dos vínculos formais na Bahia são ocupados por pessoas com deficiência, número inferior à média nacional.

Imagem ilustrativa da imagem Falta de acessibilidade trava inclusão de deficientes na Bahia
Foto: Divulgação

Para Silvanete, o problema não é apenas estrutural: “O grande vilão na inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho é a falta de acessibilidade. Mas, além disso, existe um capacitismo estrutural, uma discriminação com a capacidade do profissional com deficiência. As empresas precisam se capacitar para receber esses trabalhadores.”

Na educação, faltam materiais adaptados, intérpretes de Libras, profissionais especializados e infraestrutura. Na saúde, pessoas com deficiência relatam atendimentos inadequados, longas filas e unidades sem acessibilidade básica.

Dados do IPEA indicam que apenas 29% das escolas brasileiras possuem estrutura considerada minimamente acessível. No Brasil, somente 4 em cada 10 unidades de saúde possuem adaptações adequadas, de acordo com o Ministério da Saúde, reflexo de um problema que se repete na Bahia.

Além das dificuldades físicas, barreiras comunicacionais seguem restringindo a participação social de pessoas com deficiência auditiva, visual e intelectual. Falta intérprete de Libras em eventos, audiodescrição, legendas de qualidade e materiais acessíveis nos serviços públicos.

A presidente da ABADEF destaca também a necessidade de campanhas educativas permanentes: “A sociedade precisa entender que as pessoas com deficiência são cidadãs como todas as outras. Merecemos respeito, dignidade e igualdade. A inclusão não é um favor, é um direito.”

Imagem ilustrativa da imagem Falta de acessibilidade trava inclusão de deficientes na Bahia
Foto: Divulgação

A entidade reforça que a presença de pessoas com deficiência nos espaços de poder e tomada de decisão é indispensável para a formulação de políticas públicas eficazes. A participação ativa desse público contribui para que as demandas reais sejam reconhecidas e atendidas.

Referência no estado, a ABADEF atua como espaço de acolhimento, orientação jurídica, formação e mobilização social. A entidade também oferece consultoria a órgãos públicos e privados, além de promover campanhas e articulações para fortalecer políticas de inclusão.

“Estamos há 45 anos lutando para ampliar conquistas. A inclusão só existe de fato quando as pessoas com deficiência ocupam lugares de fala e de poder”, afirma Silvanete.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 16% da população mundial possui algum tipo de deficiência. No Brasil, são 18,6 milhões, de acordo com o IBGE.

Apesar do arcabouço legal, como o Estatuto da Pessoa com Deficiência e a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), os avanços na prática ainda são lentos. Na Bahia, a situação é semelhante: políticas públicas existem, mas sua implementação ainda não alcança a maioria da população.

*Sob supervisão do editor Anderson Orrico

exclamção leia também