Lentidão, briga, lotação, queda de energia, discussão e até mesmo intolerância religiosa. Situações como essas, antes vistas com mais frequência em ônibus de Salvador, passaram a se tornar frequentes também no metrô da capital baiana, transporte metroviário que deveria minimizar os problemas e oferecer serviço com mais qualidade à população.
No entanto, o cenário não é esse. Quem utiliza o transporte público diariamente, já teve sua rotina prejudicada com atrasos por causa das lentidões, motivadas, na maioria das vezes, por furtos de cabos. A última ocorrência aconteceu na manhã desta quarta-feira (17), na Linha 2. Mas a situação não é atípica.
Em menos de um mês atrás, uma multidão ficou aglomerada na Estação Brotas após o trem apresentar uma falha.
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Apenas no primeiro semestre deste ano, foram mais de 10 ocorrências desta natureza. Só em fevereiro, por exemplo, cinco problemas de lentidão foram registrados, afetando cerca de 350 mil passageiros que utilizam o transporte. O estudante Victor de Oliveira faz parte desse número. Em entrevista ao Portal A TARDE, ele revelou que já perdeu as contas de quantas vezes ficou prejudicado no trabalho e na faculdade por ter que ficar preso nos trens.
"A sensação é horrível. Quem depende mesmo do metrô, que é um meio de transporte mais rápido, acaba saindo muito prejudicado quando acontece isso, porque o trem fica lento e atrasa muito a nossa vida. Já fiquei preso várias vezes por conta dessa situação, que é corriqueira”, iniciou.
Eu lembro que uma vez eu estava no estágio e vi a notícia que roubaram os fios, eram umas 15h. Eu saí do meu estágio às 17h para ir para faculdade, mas ninguém tinha consertado ainda. Fui tentar pegar o metrô, mas nem consegui, de tão lotado que estava. Cheguei a pagar passagem, mas não consegui entrar. Estava insustentável de tão lotado. Isso foi duas horas depois do furto e ainda não tinham consertado. Cheguei super atrasado na faculdade e foi horrível, muito horrível", contou.
O estudante opinou ainda que deveria existir mais segurança no metrô para evitar ações criminosas que afetam diretamente a população. "Se no metrô tivesse segurança, não acontecia esse tipo de vandalismo, ainda mais que é algo que acontece sempre. Não foi a primeira, não foi a segunda e não será a última. Sempre vai ocorrer isso. A situação é horrível mesmo. E quem paga o pato, infelizmente, somos nós, a população que precisa do metrô", lamentou.
Brigas e intolerância religiosa
Em janeiro deste ano, uma mulher foi vítima de intolerância religiosa dentro de um vagão entre as estações Pituaçu e Tamburugy. Um vídeo que circulou nas redes sociais mostrou a jovem sendo constrangida publicamente por um homem que se incomodou com o fato dela utilizar um fio de contas no metrô.
O incidente desencadeou uma série de declarações desrespeitosas contra a mulher. A vítima, no entanto, não se calou diante das ofensas e iniciou uma discussão.
Além de denunciar o homem, o advogado da vítima, Bruno Moura, afirmou que iria processar a CCR Metrô. Ele alegou que "os agentes de segurança não interferiram na questão e não fizeram nada para coibir a agressão sofrida pela mulher". Na época, a CCR Metrô disse "repudiar qualquer prática de atos de intolerância e desrespeito".
Na última semana, dois passageiros entraram em luta corporal em um vagão após uma discussão entre um homem e uma mulher. Um outro rapaz interveio, iniciando a troca de socos. Houve correria no metrô na altura da estação Tamburugy. Um dos homens teve o óculos quebrado e ficou com a camisa suja de sangue.
Em nota, a CCR Metrô Bahia confirmou o desentendimento, obrigando agentes de segurança do serviço a entrar em ação para conter as agressões. Um dos homens foi retirado à força do comboio.
Quem utiliza o transporte, se sente inseguro em presenciar cenas como essas. O estudante Fernando Oliveira relembra o dia em que quase foi atingido por uma briga entre dois homens na escada do metrô.
"Eu já presenciei duas confusões no metrô. As verbais foram por um empurra empurra dentro dos vagões. Duas mulheres se estranharam e começaram um bate boca. A outra foi ainda mais grave: dois homens estavam subindo as escadas e começaram a trocar socos. Eu não sei o que motivou a briga, só vi quando já estavam se agredindo. Eu estava uns degraus abaixo e minha reação foi agarrar no corrimão e implorar para não ir junto. Por pouco, não fui atingido", relatou.
Questionado sobre a ação da CCR na ocorrência, Fernando disse que os seguranças demoraram para intervir: "A própria população se meteu e separou. Os seguranças demoraram para chegar, e quando vieram, o pessoal já tinha apartado".
O Portal A TARDE procurou a CCR Metrô para se pronunciar a respeito dos problemas citados na matéria e aguarda retorno.