
Cidade plural, que carrega na memória a tradição sertaneja e projeta no presente sua força como polo econômico e cultural da Bahia, Feira de Santana completa, nesta quinta-feira (18), 192 anos de emancipação política, celebrando sua trajetória como a “Princesa do Sertão” e reafirmando o papel de cidade estratégica para a Bahia e para o Brasil.
Entre tradições preservadas, crescimento urbano acelerado e uma rica produção cultural e econômica, a princesinha “bem nascida entre verdes colinas, sob o encanto do céu azulado”, como o seu próprio hino descreve, se destaca como o maior entroncamento rodoviário do Norte-Nordeste e polo de referência em comércio, serviços e educação.
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E por falar em encanto, Feira domina essa arte com maestria. Prova disso é a professora aposentada Lélia Vitor Fernandes, de 79 anos, que exalta o orgulho de ser feirense. O que mais a encanta na cidade? Ela responde com a leveza de quem caminha por uma terra cheia de graça infinita: “É a sua vertiginosa ascendência! A cidade cresce a cada dia de uma maneira grandiosa, em todos os setores da sua estrutura física, geográfica, econômica, educacional”, inicia. “A sua posição geográfica, como diz Carlos Pitta: todos os caminhos passam em Feira de Santana. Na minha visão poética, Feira de Santana é uma cidade de portas abertas por todos os lados, a sua economia, o acolhimento dos seus moradores, o seu clima benfazejo e as oportunidades de crescimento cada vez mais”, completa Lélia.

Presidente da Academia de Letras e Artes de Feira de Santana e com 37 obras publicadas- destas apenas três não estão focadas em Feira de Santana- professora Lélia celebra o presente, mas guarda saudades de uma época que está eternizada nas lembranças e páginas dos livros. “Saudade da feira livre, dos vultos populares que perambulavam nas ruas da cidade: Honoratinho da Pamonha, Cabeça de Leitoa, Maria Oreinha...os monumentos, os imóveis, os patrimônios públicos, que marcaram a época da sua construção e infelizmente a paz e a segurança que reinavam nas ruas da cidade”.
Com o passar dos anos, a feira livre foi ganhando novo formato. Surgiram os imóveis, empreendimentos, ruas, avenidas. Para Lélia, ao rever as origens do município desde o seu nascedouro de uma simples feira livre para um portentoso centro comercial e industriário, Feira de Santana se impõe, orgulhosamente, de servir como anfitriã de todos os municípios e estados nordestinos, fazendo jus ao título de majestade. “O seu poder econômico, a sua grandiosidade populacional, o seu nível de escolaridade com o advento das universidades e das escolas do Ensino Fundamental e Médio, tem proporcionado, juntamente com o apoio das instituições culturais um ar de civilidade e ascensão acadêmica”, afirma.
Orgulho de pertencer
O feirante Gutemberg Luiz da Costa Santana, 65 anos, o Guta da Feira, fala com emoção sobre o vínculo criado com a Princesa do Sertão. Nascido na zona rural de Alagoinhas, Guta chegou em terras feirenses quando tinha apenas 4 anos de idade. “A minha primeira lembrança dessa cidade é do cheiro da terra molhada numa roça de milho lá em Jaguara [distrito de Feira de Santana]. Eu nem era gente, mas já sabia que era aqui que eu ia fincar raiz, colher meu pão de cada dia, fazer família e histórias pra contar”, destaca, entre sorrisos e lágrimas nos olhos.

Guta, além de apaixonado, é também defensor nato da cidade. “Não aceito que ninguém venha pra cá falar mal de minha terra, de minha gente. Feira me adotou, me abraçou, me acolheu. É como uma mãe. E eu sou o filho leão, defendo mesmo. Se ela é princesa, eu sou soldado guardião”.
Com admiração e respeito à história e rumos da cidade, Lélia deixa uma mensagem carinhosa de aniversário para o povo feirense. “Nestes 192 anos de sua emancipação político-administrativa, cada feirense deve proporcionar o seu talento, a sua determinação, o seu labor diário e, principalmente, o seu AMOR à Feira de Santana para transformá-la em RAINHA!”.