A Academia de Letras da Bahia (ALB) abriu as portas do Palacete Góes Calmon, em Nazaré, nesta terça-feira (26), para um momento inédito em seus mais de 100 anos de existência. A instituição realizou o seminário “Dos blocos dos povos indígenas ao samba reggae”, um evento que integrou as celebrações do seu primeiro Novembro Negro, em parceria com o Instituto Reparação.
A programação reuniu especialistas e artistas para discutir a trajetória da música negra na Bahia, desde os blocos indígenas até o surgimento do samba reggae.
Entre os participantes da mesa estava o cantor e compositor Tonho Matéria, que celebrou o marco histórico desse movimento. “São anos de evolução, de revolução, de questionamentos, de buscas constantes, de poéticas, e hoje a gente chega a esse espaço da Academia de Letras da Bahia. [...] A gente fez a nossa narrativa, e a Academia entendeu que realmente o popular é que é o dono da razão”, disse o artista.
O presidente da ALB, o antropólogo Ordep Serra, destacou a responsabilidade da instituição com a inclusão. “É o primeiro Novembro Negro na Academia. [...] Nós não podemos ignorar a importância do povo negro da Bahia, de Salvador e do Brasil inteiro. [...] Ou se é antirracista, ou se é racista. Então, a Academia de Letras tem que tomar uma posição”, garantiu.
Outro momento significativo foi a entrega do busto da heroína Maria Felipa, produzido pelo escultor Celso Cunha. A homenagem à líder histórica da resistência baiana na luta contra as tropas portuguesas durante a Independência do Brasil na Bahia reforçou o compromisso da ALB com a valorização de figuras negras. Celso Cunha destacou o peso da entrega. “Me senti muito honrado nesse momento [...] Conscientizar e informar as pessoas da importância da existência dessa personagem histórica é essencial”.