
Até esta quinta-feira (28), Salvador recebe o Encontro de Mulheres Pescadoras e Quilombolas, que tem como tema central “Saúde Mental e Práticas Integrativas”. Promovido pelo Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), com apoio do Fundo Elas, Próspera Social e Misereor, o evento acontece na Casa São José.
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A iniciativa busca fortalecer os saberes tradicionais e valorizar a ancestralidade, além de promover reflexões sobre os desafios enfrentados por mulheres em seus territórios.
A programação inclui oficinas, rodas de diálogo, vivências práticas e espaços de partilha, com atividades que abordam desde a saúde mental diante da violência até a importância de práticas de autocuidado e espiritualidade coletiva.
Para Maria de Lourdes Nunes, educadora do CPP, os saberes ancestrais são fundamentais para a resistência das comunidades para permanecer em seus territórios. “Quando a gente sabe quem é, de onde vem e qual é o seu potencial, consegue estar melhor mentalmente e também atuar. [...] Um encontro desse ajuda as mulheres a falar desses impactos, falar dessas situações e como essas situações impactam nos seus corpos, em sua saúde”.
A psicóloga Marta Santos, que ministrou a oficina sobre saúde mental, ressaltou que a resistência constante também deixa marcas na vida das mulheres. “Resistir demais também é doer-se, porque atrás de uma alta resistência significa que houve muita luta, muita opressão. Isso traz um sofrimento físico e mental”.

Elas voltam mais fortes
Entre as participantes, a marisqueira Elenildes Borges Conceição, da comunidade Pratigi Matapera, em Camamu, relatou os impactos da degradação ambiental sobre a vida das famílias. “As grandes empresas estão destruindo os manguezais, de onde tiramos nosso sustento”, contou.
Ela ressaltou também como a sobrecarga e as violências afetam diretamente a saúde mental das mulheres da região e a importância do encontro. “A gente pode fazer mais uma pela outra. Vou voltar para minha comunidade com um coração mais aberto, com mais força. Muitas palavras que foram faladas eu peguei para mim e vou levar para minha comunidade, para um ajudar o outro", disse a mulher, que também é mãe solo de uma criança neuropata.
“Aqui eu vi que não é só a minha comunidade que está frágil, necessitando de ajuda, de amor, de união. Então, quando eu voltar agora, na nossa próxima reunião, eu tenho certeza que eu vou falar sobre isso”, concluiu.
