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Porto Seguro - 23/09/2024, 22:49 - Da Redação

Doméstica explorada por 44 anos receberá indenização de R$ 500 mil

Vítima começou a trabalhar quando tinha apenas 6 anos de idade

Valor deve ser pago até fevereiro para a vítima
Valor deve ser pago até fevereiro para a vítima |  Foto: Divulgação/MPT-BA

Uma mulher submetida a 44 anos de trabalho análogo à escravidão, em Porto Seguro, no extremo sul da Bahia, receberá R$ 500 mil de indenização, após atuação do Ministério Público do Trabalho (MPT-BA). O caso da empregada doméstica de 50 anos foi exposto pelo MPT-BA nesta segunda-feira (23).

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De acordo com o MPT-BA, Maria* chegou à casa de Heny Peluso Loureiro quando tinha apenas 6 anos de idade, sem nenhum documento de identificação. A vítima sequer tinha certidão de nascimento, que foi obtida pela patroa muitos anos depois e com informações de filiação inverídicas.

Ainda segundo o Ministério, a mulher “trabalhou até a morte dos patrões numa casa e numa fazendo no sul baiano. Como não há qualquer informação sobre sua origem e registros de que não falava português quando chegou para trabalhar com 6 anos, suspeita-se que tenha origem no continente africano”.

Os abusos maiores começaram quando Maria* foi levada para a casa de um dos filhos da ex-patroa, Joaquim Neri Neto, onde passou a sofrer maus-tratos. No tempo em que foi explorada pelos “empregadores”, Maria* não estudou, não fez amizades, nem teve relacionamento amoroso. A vítima era obrigada a servir à família sem receber nada em troca, além de casa e comida.

O novo patrão tentou cadastrar Maria* para receber benefícios sociais e a situação chamou a atenção da assistência social, quando a equipe do Creas decidiu visitar a casa de Maria para encaminhar o pedido de inclusão no CadÚnico.

Ao procurar ajuda, a vítima - que já não aguentava mais tal situação - foi amparada por uma amiga da vizinhança, depois por uma advogada que resolveu se envolver na situação e buscar órgãos públicos e depois pelo Centro de Referência em Assistência Social (Creas) e pelo MPT.

Atualmente, a mulher está empregada com carteira assinada e vivendo num imóvel alugado. Estuda à noite para finalmente se alfabetizar e vive seu primeiro relacionamento amoroso.

Com o acordo firmado no mês passado e já homologado pela Justiça do Trabalho, ela vai receber indenização de R$ 500 mil, que deve ser quitada até fevereiro. O valor será obtido com a venda pelos dois herdeiros da empregadora - Joaquim Neri Neto e Maiza Loureiro Nery Santos - de uma casa e uma fazenda.

Até o prazo dado no acordo para a conclusão da venda, os dois filhos da ex-patroa devem manter o pagamento de um salário mínimo mensal.

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