
Você sabia que o Brasil já teve outro nome antes da colonização? Para os povos originários, nosso território se chamava Pindorama, ou Pindó, nomes que expressam sua visão de mundo e profunda conexão com a terra. Resgatar esse conhecimento e dar visibilidade a histórias e saberes silenciados é justamente o objetivo das ações culturais promovidas pelas unidades da rede educacional PED, em Salvador. Até o fim de abril, as escolas recebem o espetáculo “Pindorama – Antes de Se Chamar Brasil”, acompanhado por uma feirinha de artesanatos indígenas.
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Na tarde desta terça-feira (15), a apresentação aconteceu na unidade da PED Pituba, voltada para alunos de 1 a 10 anos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I. As apresentações fazem parte da programação em homenagem ao Dia dos Povos Indígenas, celebrado em 19 de abril, e são realizadas pelo Aldeia Coletivo, grupo artístico e interdisciplinar que une contação de histórias, teatro de bonecos, poesia, música e brincadeiras. O objetivo é dialogar com as crianças sobre diversidade étnica e cultural de forma lúdica e envolvente.
Segundo o coordenador pedagógico da PED, Vitor Rafael Ribeiro, os estudantes têm se mostrado muito receptivos às iniciativas voltadas para a valorização das culturas minorizadas. “A gente vê dentro dessas propostas justamente essa curiosidade de aprender mais. Eles perguntam por que não se chama mais ‘índio’ e escutam as respostas de alguém com respaldo cultural, que pode trazer informações precisas”, destaca.
Para o artista e contador de histórias Caboclo de Cobre (nome indígena Itupynijú), idealizador do espetáculo e descendente de indígenas, a arte é uma ferramenta poderosa para educar com sensibilidade. Ele ressalta que a cultura indígena está presente em diversos aspectos do nosso cotidiano, da língua à gastronomia, dos ritmos musicais ao vocabulário, e que reconhecer essa presença é essencial para a construção de um Brasil mais justo e plural.
“O corpo indígena precisa ser enxergado, seja ele aldeado, em retomada, na favela ou na periferia”, afirma o artista, que criou o projeto inspirado pela vontade de contar ao próprio filho uma versão verdadeira da história do povo brasileiro.

Por que não se chama mais “Dia do Índio”?
A mudança no nome da data busca romper com estereótipos e termos genéricos. O termo “índio” desconsidera a diversidade dos mais de 300 povos indígenas existentes no Brasil, cada um com sua própria língua, cultura, território e identidade. Ao adotar a expressão “Dia dos Povos Indígenas”, o olhar da sociedade se amplia para reconhecer a pluralidade desses povos e a importância de respeitar seus direitos e modos de vida.
As atividades fazem parte do projeto PED Cultura, que promove vivências e imersões culturais ao longo de todo o ano letivo. A proposta é formar crianças mais críticas e conscientes, desconstruindo desde cedo visões distorcidas sobre os povos originários. “Trabalhamos com metodologias ativas, para que a criança vivencie, toque, sinta e construa seu repertório de forma completa”, explica o coordenador.
Se a sua escola tem interesse em promover a ludicidade e o aprendizado por meio da arte, o espetáculo “Pindorama – Antes de Se Chamar Brasil” pode ser uma excelente opção. Unindo contação de histórias, música, teatro de bonecos, poesia e diversão, a apresentação trata de forma sensível e envolvente temas como a formação do Brasil, a diversidade étnica e a cosmovisão dos povos originários. Voltado para o público infantojuvenil, o projeto contribui para o enriquecimento do vocabulário com palavras de origem indígena e ajuda a romper com a invisibilidade das culturas tradicionais brasileiras. Escolas interessadas podem entrar em contato pelo número (71) 98739-7248.