
A nação comancheira celebrou em grande estilo os 51 anos do bloco Comanche do Pelô. Na tarde desta segunda-feira (26), a Igreja de São Pedro, no Largo da Piedade, em Salvador, realizou uma missa em ação de graças que marcou o início da programação religiosa e cultural da instituição.
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Após a celebração, a festa seguiu rumo à sede do grupo, no Pelourinho. Fundado há mais de cinco décadas, o Comanche do Pelô é um dos blocos mais antigos e representativos da cultura indígena-afro-brasileira no Carnaval da Bahia. O diretor-presidente do bloco, Jorge Rodrigues da Silva, conhecido como Jorginho Comancheiro, destacou o simbolismo da data e a importância de manter viva a ancestralidade e a resistência cultural. “Essa missão é passada de pais para filhos, de filhos para netos. A história do Comanche é como vinho, vai ficando melhor com o tempo”, declarou emocionado.
Fundado em 26 de maio de 1974, o bloco é reconhecido por seu compromisso com a cultura e o trabalho social. A missa deste ano foi realizada na Igreja de São Pedro devido à forte temporada de chuvas, o que exigiu uma escolha mais acessível para os integrantes e apoiadores do grupo. “Essa igreja tem uma energia especial. Gostamos dos santos, dos orixás, dos caboclos, e respeitamos todas as religiões”, disse Jorginho. Durante a celebração, estiveram presentes integrantes históricos do Comanche, e algumas das matriarcas do bloco.
O momento também foi marcado por homenagens e memórias afetivas, relembrando as conquistas ao longo dos anos, os carnavais marcantes e os desafios enfrentados. O grupo anunciou em primeira mão o tema do Carnaval Comancheiro de 2026: “Catarina Paraguaçu: Mulheres Pretas e Indígenas Comancheiras”.

A proposta é exaltar a força feminina e as raízes afro-indígenas com pelo menos 25 alas desfilando pelas ruas do Pelourinho. A agenda do bloco segue movimentada com o lançamento oficial do tema no dia 14 de junho, a Festa dos Caboclos no dia 1º de julho e o desfile de percussão pelas ruas do Centro Histórico em 2 de julho, durante as celebrações da Independência da Bahia. O Comanche do Pelô também se prepara para retomar seus projetos sociais a partir de junho, incluindo oficinas de adereços indígenas e uma roda de conversa sobre a importância dos blocos indígenas.
Para apoiar a continuidade dessas ações, o grupo está recebendo doações via Pix (chave: 71988934986, em nome de Jaqueline Beirão).Mais do que um bloco de Carnaval, o Comanche do Pelô é uma manifestação viva de resistência cultural, memória e solidariedade. Como disse seu fundador, “o Comanche não faz carnaval de faz de conta. Faz carnaval o ano inteiro.”