
Uma professora de uma escola em Valença, no baixo-sul da Bahia, viralizou nas redes sociais, na manhã desta terça-feira (30), ao oprimir uma criança, de aproximadamente 5 anos, por não acertar fazer um exercício didático. Em uma gravação feita pela mulher, dá para ouvir ela sussurrar as palavras "desgraça" e "burro".
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A situação aconteceu no Centro Educacional Duque de Caxias, conhecido como Ceduca, localizado na região central da cidade. O caso foi gravado pela própria educadora, que passava uma atividade em que os alunos precisavam colocar uma determinada quantidade de bolinhas dentro do Bambolê.
Com dificuldades para realizar a atividade, a criança, chamada de Denis pela professora, passou a ficar tensa com a pressão imposta. Durante a realização da tarefa, a mulher começou a gritar com o aluno e chegou ao pontar de sussurrar palavrões. Outros garotos que aparecem no vídeo também se mostraram acanhados com a situação humilhante.
Veja vídeo:
População revoltada
Uma mãe de uma estudante do colégio falou com a equipe de reportagem do MASSA! e lamentou o ocorrido, questionando o que pode ser dito quando não está sendo gravado. "Isso é um absurdo, não há justificativa. Um erro grande da escola em contratar profissionais despreparados, sem capacitar. Isso causa danos a criança futuramente. Isso foi divulgado, mas quantas coisas parecidas ou piores, que nós como pais não temos acesso. É preciso punir a escola e a professora para servir de exemplo", protestou.
Nas redes sociais, outras pessoas também ficaram chateadas com a situação constrangedora. Um internauta comentou que a instituição já é acostumada a manter o tom amendrontador: "Essa escola é acostumada a xingar crianças. Já fui aluno e a própria diretora oprimia. Já cheguei a resolver BO de professoras que ofendeu minha irmã".
Advogado explica o que pode ser feito
Em entrevista ao Portal MASSA!, oadvogado civilista Luiz Felipe Neves se mostrou abismado com o ocorrido e explicou o tamanho da gravidade de ações como a da professora.
“O vídeo é revoltante e mostra uma grave violação dos direitos da criança. A Constituição Federal (art. 277) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (arts. 5º, 17 e 18) proíbem qualquer forma de violência ou tratamento vexatório à crianças e adolescentes", iniciou o profissional de direito.
"Ao gritar de forma reiterada e chamar o aluno de burro, na frente dos colegas de classe, a professora o expôs a humilhação pública, ferindo sua dignidade e comprometendo seu desenvolvimento, sobretudo em se tratando de uma criança tão nova”, acrescentou.
Além disso, Luiz Felipe também explicou como cada parte da situação pode ser responsabilizada judicialmente. "A instituição de ensino (escola) responde objetivamente pelos atos que os pais do menor podem ajuizar ação indenizatória, pleitando danos morais pela violência à honra, à imagem e à integridadeemocional da criança. Além disso, podem ser requeridas medidas de acompanhamento psicológico, quando necessário".
"A conduta pode gerar ainda responsabilização criminal da professora, por injúria e até maus-tratos à criança, dependendo da apuração. Esse episódio deve servir de alerta: 'sala de aula deve ser sempre um espaço de acolhimento, respeito e desenvolvimento humano, jamais de agressão psicológica'”, finalizou.
Vai dar em quê?
O Ceduca publicou nesta tarde uma nota em que repudia o acontecido, mas não sinalizou se haverá demissão da professora. Além disso, pontuou que a missão do colégio é "oferecer um ambiente educacional saudável, acolhedor e seguro, onde cada criança possa desenvolver plenamente seu potencial".
Nota oficial completa:
Já a Polícia Civil informou que, até então, não há nenhum registro da situação ocorrida.