Na tentativa de fazer o credenciamento de forma presencial para o primeiro festival após o início da pandemia da Covid-19, os ambulantes se depararam com a notícia de que a inscrição seria realizada apenas de forma virtual e que eles deveriam voltar para as suas casas.
Em entrevista ao Portal Massa!, pais e mães de famílias foram enfáticos ao dizer que ao invés da prefeitura de Salvador facilitar o credenciamento para eles trabalharem de forma digna, complicaram a vida ao fazer a retirada da inscrição presencial.
Na expectativa de garantir o pão na mesa dos próximos dias com as vendas no festival, a vendedora ambulante Maria Luciana, de 46 anos, contou que saiu da periferia de Nova Brasília para o Jardim Santo Inácio, bairro onde está localizado a sede da Semop, ainda de madrugada. Extremamente revoltada e com vontade de trabalhar, ela demonstrou indignação com a forma como os ambulantes são tratados todos os anos pela Prefeitura de Salvador.
“Todo ano é a mesma coisa. Já passamos por poucas e boas na pandemia e agora, que podemos vender, estamos enfrentando essa situação. É revoltante! A gente quer trabalhar”, desabafou Maria, que trabalha como ambulante há mais de 18 anos.
A vendedora ainda pontuou que os ambulantes pedem que o credenciamento também seja feito de forma presencial.
“Tem uma colega aqui de idade que não sabe mexer na internet e por isso ela está aqui. O credenciamento online também não funciona, e digo isso porque minha filha tentou fazer a minha inscrição, mas com 15 minutos da abertura o site não funcionava e informava que não existia mais vagas”, relatou.
Outro colega de Maria, o vendedor ambulante Roberto Pereira, de 68 anos, desabafou sobre a dificuldade que a categoria está encontrando para trabalhar no Festival da Virada Salvador e questionou o tratamento que a prefeitura de Salvador está dando aos pais e mães de família que querem conquistar o pão de cada dia de forma digna.
“Não estamos conseguindo fazer o credenciamento [online]. Gostaria de saber o porquê eles agem dessa forma com as pessoas mais humildes?”, desabafou o idoso.
Por meio de nota, a Secretaria de Ordem Pública de Salvador (Semop) informou que as 600 vagas disponibilizadas pela internet foram encerradas na segunda (19).
Por fim, o órgão municipal deu uma versão diferente dos vendedores ambulantes e disse que “não houve qualquer tipo de queda no site, apenas uma lentidão devido ao grande número de acessos à página, fato que não prejudicou o processo de inscrição".