Sentados em um assento na parte externa de uma quadra, pais e responsáveis por alunos do Projeto Guerreira Esportiva acompanham e admiram seus filhos darem passos importantes para a construção de uma futura carreira profissional. Mas, para além de desenvolver o aspecto técnico, o projeto idealizado pela Associação Voluntários para o Serviço Internacional Brasil (AVSI), na Comunidade Guerreira Zeferina, no bairro de Periperi, na região do Subúrbio Feroviárioa de Salvador, tem um objetivo ainda mais importante: contribuir para a formação humana de crianças e adolescentes, de forma que a prática esportiva seja o pontapé inicial para um futuro digno e esperançoso.
A iniciativa promovida pela AVSI Brasil, em parceria com a prefeitura de Salvador, foi implantada em maio do ano passado e, desde então, a comunidade Guerreira Zeferina, conhecida como Cidade do Plástico, tornou-se palco de incentivo para uma garotada que, após a chegada do projeto, passou a ter acesso a esportes e mais qualidade de vida. As atividades divididas em modalidades coletivas (de basquetebol, futsal, handebol, voleibol) e individual (judô) atendem 100 alunos moradores da comunidade que possuem idade entre 6 a 17 anos.
As aulas das modalidades coletivas são realizadas no formato de rodízio, onde, a cada dois meses e meio, a garotada participa de todas categorias. “A opção do rodízio se deve ao fato das crianças e adolescentes não terem muito acesso a outras atividades desportivas que não seja o futebol. A proposta é que no primeiro ano do projeto, eles possam conhecer outras opções e, a partir disso, verificar qual mais lhe atrai”, explica Therezinha Laranjeira, gerente do Projeto Guerreira Zeferina, ao MASSA!.
A escolha dos idealizadores do projeto em levar o judô como modalidade individual surgiu depois de levantarem que na localidade não existia a realização dessa prática esportiva. Pensando nos benefícios que o judô proporciona, como condicionamento físico, autocontrole, segurança, perseverança e disciplina, além da contribuição para o desenvolvimento de valores como respeito e humildade, características consideradas necessárias para a formação de cidadãos, foi decidido que essa atividade seria uma das cinco oferecidas.
E foi justamente o tatame do Projeto Guerreira Esportiva que despertou em Rosana Vitória Silva, 14 anos, a admiração pelo judô e o prazer por esportes. “Foi aqui no projeto que eu comecei a interagir com mais pessoas da comunidade que antes eu não falava. As aulas são boas e o professor chega junto com a gente”, detalha a adolescente.
Eu não conhecia o judô, só conheci aqui. Sou aluna desde o começo e não vou sair mais porque eu estou amando e aprendendo muito
Rosana Vitória Silva, aluna do projeto
A principal exigência para participar dos treinos, que acontecem duas vezes por semana, é estar frequentando a escola. Após a matrícula, a garotada recebe uniforme completo (camisa, bermuda, meião e tênis) e o quimono para quem escolhe o judô.
Bons frutos são colhidos
A proposta do projeto em colaborar com a garotada a trilhar um caminho promissor já começou a dar bons frutos para alguns pais e responsáveis que conseguem notar melhorias no comportamento das crianças, como conta Jorgina Maria Oliveira, madrasta de Emanoel Jorge Santos Brito, 8 anos.
“Percebi que Emanoel se tornou mais responsável em relação a horários. Ele não tem mais dificuldade em acordar cedo. Ele mesmo veste o uniforme, coloca a chuteira dentro da mochila e vai para o treino”, destaca a responsável pelo jovem.
Cuidados com a saúde
O Projeto Guerreira Esportiva também oferece aos alunos atendimento com uma psicóloga. A profissional visita o local duas vezes por semana e dá suporte a determinados comportamentos que podem surgir durante o processo de desenvolvimento dessas crianças e dos adolescentes. Ela promove saúde mental, alívio da ansiedade e de situações que causam desconforto nos alunos.
Integrante da iniciativa, a pequena Micaela Batista vai sempre acompanhada da sua mamãe Milena Batista, que é a sua grande incentivadora.
Acho uma maravilha essas atividades de esportes aqui na comunidade, principalmente para minha menina porque ajudou ela perder peso. Ela era bem fortinha
Milena Batista, mãe da pequena Micaela
“As crianças estão se desenvolvendo bem. Milena tem gostado do projeto, e nos dias que ela não está muito empolgada para as aulas, eu fico no pé porque sei o quanto isso aqui tem sido bom pra ela”, ressalta a mãezona.
leia também