Após um período fechada, a Casa Marielle Franco Brasil se prepara para reabrir as portas em novembro, dessa vez com uma estrutura mais organizada e preparada.
O espaço é uma casa aberta a mulheres e pessoas LGBT QIA+ em situação de vulnerabilidade e violência que oferece, além de abrigo, acolhimento.
“Não queremos ser como uma prisão. As pessoas têm a liberdade de ir e vir, de falar com as outras. São os agressores que devem ficar presos, não as vítimas”, ressalta Sandra Muñoz, coordenadora da Casa Marielle Franco.
Sandra é mineira, mas acolheu a Bahia como sua casa. Feminista, ela conta que sempre abriu as portas de sua própria casa para quem precisava.
“Teve gente que morou comigo durante quatro anos. Se precisava de uma passagem pra ir pra um lugar ou vir pra Salvador, eu dava um jeito, e assim foi por muito tempo”, conta a coordenadora.
Mas o serviço que Sandra prestava à comunidade incomodou. “Os maridos das mulheres que eu acolhia começaram a ir até a casa, queriam levar elas e eu peitava, ia pras vias de fato”, conta. “E assim as ameaças começaram”.
Exposta e sofrendo com ameaças de morte, Sandra precisou sair do país. Mas o desejo de fazer a sua parte a trouxe de volta. “Não me sinto segura ainda, mas não posso me distanciar disso aqui”, explica.
De volta, ela está montando uma estrutura e uma equipe (psicólogas, advogadas, enfermeiras etc.) para atender quem precisa na casa, que acolherá as pessoas por seis meses e não terá o endereço divulgado. “Não saberão onde estamos”, ressalta a coordenadora.
Abertura vai premiar personalidades
A casa, em nova fase, será inaugurada no dia 25 de novembro, num evento que vai reunir personalidades importantes e num local que ainda será divulgado pela organização. Sandra explica que, além de oficializar a reabertura do espaço, o evento de inauguração também será um momento de premiação.
“Nós vamos promover o Prêmio Vida, vamos premiar personalidades que abraçam a causa, mostrar que elas merecem ser reconhecidas”.
O evento vai contar ainda com a presença de Anielle Franco, irmã de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro assassinada em 2018 - e que dá nome à casa. “Escolhi fazer uma homenagem a ela porque ela foi uma pessoa que lutou por nós demais. É reconhcimento”, diz Sandra.