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Análise do jogo e da vida - 27/03/2024, 11:18 - Dara Medeiros - Atualizado em 27/03/2024, 11:34

Consultora racial fala sobre Leidy e Davi: "Precisam de letramento"

Tainara Ferreira afirmou que racismo estrutural também atrapalha a união da própria comunidade negra

Embate entre Davi e Leidy também é fruto do racismo estrutural
Embate entre Davi e Leidy também é fruto do racismo estrutural |  Foto: Reprodução/Globoplay

Protagonistas de um dos maiores embates do BBB 24, Davi Brito e Leidy Elin, que foi eliminada nesta terça-feira (26), também colhem os frutos amargos do racismo estrutural. Negros, criados em periferia e trabalhando desde cedo para sobreviver, os brothers possuem histórias de vida com muitos pontos em comum e poderiam ser aliados, mas acabaram se tornando adversários ferrenhos. O que explica isso? Quem responde essa questão é a consultora racial baiana Tainara Ferreira, que conversou sobre o assunto com exclusividade ao Portal MASSA!.

Segundo a especialista em Diversidade e Letramento Racial, o racismo estrutural acaba fazendo com que a união e os sentimentos de igualdade e pertencimento entre pessoas pretas sejam abalados. Ela também defendeu que o conhecimento é o principal caminho para unir a “comunidade negra” novamente.

“Os conflitos que a gente tem visto muito, da Leidy com o Davi, os dois precisam de letramento. O letramento vai promover também na nossa população, a nossa união, porque todo esse movimento do racismo, do colonialismo, da branquitude nos afasta, nos separa, nos segrega”, opinou Tainara Ferreira.

Assista:

Ainda de acordo com a consultora, não são apenas pessoas brancas que precisam estudar sobre racismo, diversidade e gênero. Todos precisam se atentar para esses temas, mas especialmente as pessoas que são mais afetadas por essas questões na sociedade, para serem conscientes e firmes em suas próprias identidades. “Através do letramento, a gente resgata a nossa ancestralidade, a gente resgata a nossa identidade”.

‘Brincadeirinhas’ na internet podem conter racismo

Toda edição do Big Brother Brasil gera burburinhos, memes e muita resenha nas redes sociais. Porém, muitas pessoas ultrapassam o limite do humor e revelam as verdadeiras intenções de cometer racismo. Ainda que tentem se esconder atrás da desculpa de que era apenas uma brincadeira, o 'racismo recreativo' passou a ser considerado crime no Brasil e pode levar à prisão de até 5 anos.

Em meio aos conflitos do reality, a ex-participante Leidy Elin, que foi eliminada na noite desta terça-feira (26), tem sido uma das principais vítimas de ataques preconceituosos nas redes sociais, ao ponto da equipe que cuida do perfil dela precisar acionar um advogado para levar a situação para a Justiça. Além de expressões que já demonstram racismo de forma explícita, como “macaca” e ”suja”, internautas também usaram termos que fazem referência ao período escravocrata, como “mucama” e “capitã do mato” para criticá-la. Nada disso deve ser dito ou repetido, ainda que pareça engraçado ou que a intenção não seja cometer racismo.

Tainara Ferreira é consultora de diversidade e letramento racial
Tainara Ferreira é consultora de diversidade e letramento racial | Foto: Uendel Galter/Ag. A TARDE

Como se não bastassem as pessoas que repetem atitudes racistas, há também influenciadores da área de pesquisa e letramento racial que alimentam o ódio dos seguidores. Trabalhando na internet há um tempo, a intelectual Tainara Ferreira refletiu sobre a importância dos conteúdos serem repensados: “A gente precisa ter responsabilidade para falar do letramento racial. Existem também muitos especialistas por aí que estão surgindo e cometendo esses equívocos. Quando nós compreendemos essa estrutura a gente vê que a nossa comunidade está rachada, que a nossa comunidade está enfraquecida, está sem identidade”.

Tainara aproveitou para levantar o questionamento para que o próprio público possa refletir sobre o motivo de conseguir acolher muito mais Yasmin Brunet do que Leidy Elin. "Como é que vou compreender a Yasmin e não vou compreender o meu par, que é a Leidy? Se for assim, a Yasmin tem muito dinheiro, é uma pessoa de muita influência, nasceu em berço de ouro e comete as mesmas atitudes. Então você vê que o problema não é a falta de educação, mas é o tipo de educação que essa pessoa teve", indagou.

Saída do BBB e o futuro de Leidy Elin

Na visão da consultora racial, o pós-BBB é muito mais difícil para os participantes negros que sofreram rejeição dos telespectadores do programa. Um exemplo recente é que Rodriguinho e Leidy Elin sofreram mais ataques e cobranças do que outros 'cancelados' desta edição, como Yasmin Brunet e Wanessa Camargo.

Leidy Elin deve enfrentar dificuldades nas redes sociais por causa do cancelamento
Leidy Elin deve enfrentar dificuldades nas redes sociais por causa do cancelamento | Foto: Divulgação/BBB

“Para uma pessoa negra como a Karol Conká, como o Rodriguinho, como a Leidy que vai sair, é muito mais difícil reconstruir a sua imagem, porque a estrutura está justaposta. Então para Yasmin vai ser mais fácil a negação, porque ela tem uma estrutura que lhe favorece e lhe acolhe muito mais que as outras pessoas que citei”, disse Tainara ao Portal MASSA!.

Por fim, a influenciadora antirracista afirmou que Leidy Elin vai precisar de uma rede de apoio que a acolha neste momento e se colocou à disposição dela para ajudá-la a seguir em frente após o programa com consciência. "O caminho é ter uma rede de apoio, inclusive eu me coloco à disposição como especialista até de forma gratuita de estar com ela", concluiu.

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