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Saúde - 23/03/2025, 09:00 - Luan Vitor - Atualizado em 23/03/2025, 11:01

Protocolo Recife: Massa! explica tratamento brasileiro contra a raiva humana

O protocolo foi criado em 2008, em Pernambuco, e foi estudado por médicos de todo o mundo

O último caso de raiva humana registrado no estado foi em 2017, em uma cidade do interior baiano
O último caso de raiva humana registrado no estado foi em 2017, em uma cidade do interior baiano |  Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Em janeiro deste ano, a primeira morte por raiva humana de 2025 foi registrada em Pernambuco. A vítima foi mordida quando teve contato com um sagui. Do fim do ano passado, até então, três mortes foram registradas no Brasil, o que reacendeu o alerta da comunidade médica do país sobre conscientização e tratamento da doença.

A anestesiologista Maria Beatriz Bastos Gonçalves, que se formou no Hospital Oswaldo Cruz – o primeiro a salvar uma vida brasileira da raiva humana –, responsável pela criação do protocolo de tratamento utilizado em todo o Brasil, publicou em uma rede social um vídeo sobre um caso de 2008, explicando a importância do tratamento, a criação do protocolo e conscientizando as pessoas a buscarem ajuda médica em casos de contato com animais que possam transmitir a doença.

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Segundo dados da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), o último caso de raiva humana registrado no estado foi em 2017, em uma cidade do interior baiano.

“O estado da Bahia tem obtido êxito nas ações de prevenção da raiva humana, realizando anualmente a campanha de vacinação antirrábica para cães e gatos em todo o território, garantindo os insumos necessários para tratamento de pessoas expostas ao vírus da raiva e monitorando a circulação do vírus no estado”, diz a Sesab, em nota.

Pernambuco não é somente o local de registro do último óbito, mas, acima de tudo, é também o local onde houve a primeira cura da raiva humana no Brasil. Em 2008, com o Protocolo Recife de tratamento contra a raiva humana, um jovem de 15 anos foi salvo após ter sido mordido por um morcego infectado com o vírus causador da doença, tornando-se o primeiro brasileiro a sobreviver à raiva humana e o quarto em todo o mundo.

Recife é o local onde houve a primeira cura da raiva humana no Brasil
Recife é o local onde houve a primeira cura da raiva humana no Brasil | Foto: Gilberto Marques/Agência Brasil

O segundo sobrevivente brasileiro da raiva foi tratado com o Protocolo Recife, mas faleceu recentemente por complicações da doença: “Infelizmente, Mateus Santos da Silva, que contraiu a raiva humana em 2017, faleceu no dia 11 deste mês devido às sequelas e complicações deixadas pela doença. Já o pernambucano Marciano Menezes da Silva, que foi tratado em 2008, segue vivo até então”, contou a Dra. Maria Beatriz, em entrevista ao Portal Massa!.

O protocolo foi criado pela equipe médica do Hospital Oswaldo Cruz, em Recife, e foi uma adaptação de um sistema que já existia, importado dos Estados Unidos. O infectologista Dr. Matheus Gomes explica as principais diferenças entre os protocolos.

"No Protocolo Milwaukee, os sedativos preconizados foram o Midazolam e a Quetamina; enquanto que os antivirais foram a Amantadina e a Ribavirina. A maior diferença entre as medicações utilizadas neste e no Protocolo Recife, recomendado pelo Ministério da Saúde, está na substituição deste último para a Biopterina, medicação com ação na concentração de mediadores neurológicos importantes na fisiopatologia da doença. Além disso, o Protocolo Recife recomenda a não utilização da Ribavirina, medicação relacionada a efeitos colaterais importantes, como hemólise e pancreatite”, nos contou o infectologista.

O Protocolo Recife é recomendado pelo Ministério da Saúde
O Protocolo Recife é recomendado pelo Ministério da Saúde | Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O doutor também alerta sobre a falta de seriedade com que a raiva humana é tratada, principalmente por pessoas dos grandes centros urbanos: “No Brasil, os casos de raiva humana têm sido raros, e muito disso vem do resultado de décadas de esforços em vacinação de animais domésticos e conscientização sobre as medidas de profilaxia pós-exposição. No entanto, embora essas iniciativas sejam essenciais, a visibilidade do tema junto ao público em geral ainda pode ser considerada algo insuficiente. Percebe-se que, em algumas regiões, especialmente nos centros urbanos, há uma certa despreocupação da população em relação à raiva.”

“Embora os casos sejam pouco frequentes, a raiva continua sendo uma ameaça letal, e a informação é a ferramenta mais poderosa para salvar vidas”, finalizou o Dr. Matheus Gomes.

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