
Um marco importante para a população LGBTQIAP+ ocorreu na quarta-feira (9) passada. A primeira cirurgia transexualizadora pelo Sistema único de Saúde (SUS) foi realizada na Bahia.
A mulher trans, Yohana de Santana, foi operada no Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes), da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Ela é acompanhada desde 2018 pelo Ambulatório Transexualizador do Hupes, mas aguardava pela oportunidade de realizar a cirurgia há mais de dez anos.
No ambulatório do Hospital Universitário, Yohana teve a oportunidade de ser auxiliada por um grupo multiprofissional regular, sendo considerada apta pelas equipes de endocrinologia, psicologia e serviço social para o procedimento cirúrgico.
"É a realização de um sonho. Sinto-me plena. É algo que eu venho buscando desde 2010, mas não tinha meios para fazê-lo. Fico emocionada de saber que sou a primeira mulher trans que realizou a cirurgia no SUS. Espero que seja um começo para tantas outras histórias de mulheres e homens na mesma condição que eu", celebrou.
A cirurgia de redesignação sexual consiste em mudar as características sexuais/genitais de uma pessoa para aquelas socialmente associadas ao gênero com o qual ela se identifica.
A endocrinologista e coordenadora do Ambulatório Transexualizador do Hupes-UFBA/Ebserh, Luciana Oliveira, explicou que o pós-operatório tem algumas orientações específicas, com o uso de hormônios durante alguns anos, possibilitando à mulher trans experimentar as mesmas sensações que mulheres cis - como a menopausa, por exemplo.
Ampliação
Além das cirurgias de redesignação sexual, a partir de agora, o Hupes-UFBA vai poder realizar também outros tipos de procedimentos. Foram pactuadas com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) cirurgias como mamoplastia masculinizadora, histerectomia, tireoplastia e plástica mamária.
A expectativa é de que seja realizado pelo menos um desses procedimentos por mês, enquanto a instituição aguarda o credenciamento do Ministério da Saúde, o que possibilitará ampliar a oferta de cirurgias.
De acordo com o urologista Ubirajara Barroso, que esteve à frente da primeira cirurgia realizada, o Ministério da Saúde adota critérios específicos para a realização dos procedimentos. A pessoa interessada deve ter mais de 21 anos de idade, apresentar - no mínimo - dois anos de acompanhamento psicológico e ser cadastrada em um dos dois serviços especializados de referência na Bahia: Hupes-UFBA ou Centro Estadual Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa (Cedap).
O Ambulatório Transexualizador do Hospital Universitário Professor Edgard Santos iniciou suas atividades em 2018. O espaço é voltado para o atendimento clínico a pessoas trans e travestis residentes na Bahia e que buscam acompanhamento. Mais de 400 pacientes já foram atendidos pela equipe do Ambulatório, que é formada por profissionais de endocrinologia, enfermagem, serviço social, psicologia e psiquiatria.