Os períodos de chuvas intensas acabam deixando vários locais de Salvador alagados, ao ponto de muitas pessoas terem as suas casas invadidas pela água e tantas outras precisarem atravessar as ruas inundadas para ir ao trabalho ou escola. Há também aqueles que enxergam a situação com outro olhar e até brincam em meio a água suja, sem nem imaginar o risco que estão correndo. Em conversa com o Portal MASSA!, o doutor Robson Reis, infectologista e professor da Escola Bahiana de Medicina, alertou sobre os perigos que corre a população ao entrar em contato com água das enchentes.
De acordo com o infectologista, além da leptospirose, que é uma das doenças mais conhecidas pelo povo, também há riscos de contrair cólera, doenças bacterianas, intestinais e de pele em meio aos alagamentos. "Elas podem ser transmitidas após o contato com essas áreas alagadas, principalmente para aquelas pessoas que acabam brincando nessas áreas, ou seja, tendo contato essas águas com a mucosa do olho e a mucosa da boca, pois isso aumenta o risco de transmissão", alertou.
Robson Reis também explicou o motivo dessas localidades serem tão propícias à manifestação dessas doenças: "Muitas vezes essas áreas alagadas acabam contendo fezes de animais, muitas vezes esgotos de casas que não apresentam saneamento básico adequado, então aumenta o risco".
Prevenir é melhor do que remediar
O ideal é evitar ao máximo o contato com áreas alagadas, mas nem sempre isso é possível. Para aqueles que precisam passar por essas regiões, o infectologista indica o uso de equipamentos de proteção. Ele também reforça a necessidade de cuidado redobrado com os grupos mais vulneráveis imunologicamente, como crianças, idosos e pessoas com comorbidades.
Prática comum entre a criançada, os banhos de chuva também precisam de um cuidado especial nessa época de enchentes. “É importante que os pais possam compreender esse risco e orientá-las. Acho que brincar na chuva todos nós brincamos quando éramos criança e isso é legal, mas brincar em áreas alagadas já traz um risco”, disse ele.
Para os adultos, o alerta é principalmente para o momento de desentupir ralos ou manejar algo que tenha entrado em contato com a água contaminada: “Na medida do possível, tentar evitar o contato com essas áreas alagadas. Caso seja necessário, que possa utilizar botas, possa utilizar luvas”.
Passou por uma rua alagada e está se sentindo mal? Saiba o que fazer
Para ter um diagnóstico e, consequentemente, um tratamento rápido, é necessário buscar uma unidade de saúde mais próxima em caso de sintomas de infecção. Para facilitar, o doutor Robson Reis ainda orientou que as pessoas avisem que estiveram em localidades inundadas: "Sempre informar do contato com essas áreas alagadas, porque isso vai ajudar o profissional médico que estiver atendendo esse paciente".
"Aquelas pessoas que por um motivo ou por outro entraram em contato com essas áreas alagadas e passarem a desenvolver sinais e sintomas do tipo febre alta, dor no corpo e dor de cabeça, fiquem atentas para a possibilidade da leptospirose. Aquelas pessoas que passaram a apresentar também dor abdominal, diarreia, vômito, náuseas, febre, dor no corpo, procurar o serviço de saúde", disse ele ao Portal MASSA!.
Infectologista reprova gravações de vídeos em áreas alagadas
Por mais engraçado e inofensivo que pareça, entrar em áreas alagadas nunca é uma boa ideia, mesmo que seja para brincar ou gravar vídeos para internet. Um vídeo curto pode trazer bastante engajamento nas redes sociais, mas também pode ser responsável pelo desenvolvimento de doenças graves.
"Eu acredito que muitas das pessoas que acabam gravando esses vídeos talvez não tenham a real dimensão do risco que elas estão correndo, de contrair uma leptospirose, de contrair uma doença infecciosa intestinal, por ter contato com essas águas [...], isso não é aconselhável para ninguém", finalizou o infectologista.