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Assistência - 09/11/2024, 06:30 - Silvânia Nascimento

Mutirão oferece cirurgias a crianças com Síndrome Congênita de Zika

Iniciativa faz parte do Plano de Ação contra a Dengue e outras Arboviroses

Criança vítima do vírus zika
Criança vítima do vírus zika |  Foto: Sumaia Vilela/Agência Brasil

A aflição de pais e responsáveis de crianças com a Síndrome Congênita de Zika (SCZ) - conjunto de anormalidades que podem ocorrer em fetos ou embriões expostos ao vírus durante a gravidez - está a um passo de ser amenizada, após o Ministério da Saúde (MS) anunciar um mutirão de cirurgias ortopédicas para pacientes com a SCZ.

Com essa medida, o repasse da pasta ao Estado poderá ser até quatro vezes maior, por meio do “Mais Cirurgias”, do Programa Mais Acesso a Especialistas (PMAE), segundo divulgado pelo Ministério.

A iniciativa faz parte do Plano de Ação contra a Dengue e outras Arboviroses, lançado pelo governo federal em setembro deste ano.

Em entrevista ao MASSA!, o secretário adjunto da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, Rivaldo Venâncio da Cunha, que é médico, apresentou detalhes sobre o mutirão. “Serão ampliadas ofertas, por meio da contratação e do apoio dos hospitais universitários do Brasil todo, que já disponibilizaram e colocaram à disposição equipes de cirurgiões para ajudar a acelerar esse processo de realização de cirurgia. No caso da Bahia, o Hospital Ortopédico do Estado, que foi inaugurado recentemente, vai centralizar essa catalogação de crianças que necessitam dessa cirurgia”, explicou.

Ainda de acordo com Rivaldo, a UniZika, organização nacional dedicada à luta por políticas públicas para as famílias afetadas pela Síndrome Congênita do Zika Vírus, possui um controle da quantidade que necessita ser atendida por esse mutirão. “A relação desses nomes está sendo checada porque já existia um banco de dados coordenado pela UniZika. Então, esse banco está sendo atualizado e, de imediato, depois de pronto, iniciar a convocação das crianças para a realização dos exames pré-operatórios. A previsão é que, no final deste mês, a gente comece os procedimentos”, disse o secretário adjunto.

A reportagem também conversou com o médico ortopedista, Djalma Amorim Jr. Durante a entrevista, ele explicou o porquê dessas crianças precisarem passar por essa cirurgia. “Vamos falar que existe a possibilidade de tratamento conservador e que consiste em reabilitação motora com fisioterapeuta, uso de toxina botulínica, órtese e gesso conforme a alteração ortopédica identificada. O tratamento cirúrgico é indicado quando existe uma falha no tratamento conservador e deve variar de acordo com o paciente e o resultado ao tratamento conservador e dos achados ortopédicos no paciente”, declarou o médico especialista.

Suporte para pacientes

De acordo com o Ministério da Saúde, a Síndrome Congênita de Zika (SCZ) pode causar alterações cerebrais, osteomusculares, neuropsicomotoras, oftalmológicas, auditivas e endócrinas.

A fonoaudióloga, Débora Medeiros, com mestrado e doutorado na SCZ, falou sobre algumas das limitações desse público. “São crianças que não conseguem sentar sozinhas. Para sentar, precisam de apoio de troncos. São crianças que, na maioria, não andam, e não se alimentam pela boca. São poucas as que estão se alimentando pela boca”, explica.

Dados divulgados pelo órgão apontam que, entre 2015 e julho de 2024, foram notificados 22.822 casos suspeitos, dos quais 1.828 foram confirmados para infecção congênita com etiologia vírus Zika, em todo o país. Também segundo o órgão do Governo Federal, os maiores registros de espera por cirurgias de quadril em crianças com a síndrome foi em Pernambuco.

"Essas cirurgias são de extrema importância porque são crianças que têm um quadro chamado paralisia cerebral e que traz deformidades no crescimento. Nesse caso, os músculos não acompanham o crescimento dos ossos. A gente tem alteração dessa musculatura que é um pouquinho mais enrijecida. Então, os ossos acabam se formando de uma forma um pouco diferente conforme o crescimento dessas crianças. Daí, o quadril sai do lugar, não porque ninguém puxou, mas porque foi crescendo para fora daquele lugar que deveria estar. Por não andarem, por terem essas outras alterações, isso pode gerar dor. São crianças que não conseguem falar e, a maioria delas, não conseguem dizer o que está doendo", explicou a fisioterapeuta pediátrica, Letícia Serra, em entrevista ao MASSA!.

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