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Rede materno-infantil - 13/05/2024, 09:53 - Da Redação

Mães indígenas passam a contar com atendimento especializado em Ilhéus

Hospital da Secretaria da Saúde do Estado foi habilitado para ofertar atenção à saúde na média e alta complexidade voltada para a saúde indígena

Mãe com seu bebê no colo
Mãe com seu bebê no colo |  Foto: Ascom/HMIJS

Em março de 2023, enquanto uma chuva densa atingia a cidade de Ilhéus, no sul baiano, Tainaçã, uma indígena de 20 anos, da etnia Tupinambá, dava à luz a pequena de Ynawá, que na língua tupinambá significa “água de chuva que traz fartura”. “Tinha um pouco de medo por ser indígena e sofrer preconceito quando chegasse para parir, mas vi que aqui foi tudo diferente”, lembra a mãe, que realizou o parto no Centro de Parto Natural (CPN) do Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio (HMIJS). “Fui acolhida desde a chegada, isso me fez me sentir mais à vontade e até me ajudou na hora do nascimento dela.”

Pouco mais de um ano após ajudar a trazer ao mundo a pequena Ynawá, a unidade da Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) foi habilitada pelo Ministério da Saúde para prestar atendimento especializado aos Povos Originários, recurso que vem para qualificar ainda mais a assistência já prestada pela unidade do Governo da Bahia, como assegura a secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana.

“Esse foi um reconhecimento importante do trabalho que já vem sendo realizado no materno-infantil de Ilhéus. Agora, com essa habilitação por parte do Ministério da Saúde, seguiremos trabalhando para ampliar e aprimorar, ainda mais, a assistência aos Povos Originários, e, em especial, às mães”, comemora.

Com 105 leitos, destinados a obstetrícia, gestação de alto risco, pediatria clínica, Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica, UTI neonatal e centro de parto normal, integrados à Rede Cegonha e atenção às urgências e emergências, o Hospital Materno-Infantil de Ilhéus contou com um investimento do governo estadual, por meio da Sesab, de mais de R$ 40 milhões, entre obras e equipamentos.

Na unidade, 28 mães indígenas já foram acolhidas no Centro de Parto Normal, 67 na obstetrícia cirúrgica, 114 na obstetrícia clínica e outras 28 na obstetrícia de alto risco. Mães como a Tupinambá Nataly Regina dos Santos, de 35 anos, que deu à luz a pequena Débora, há um mês, e contou com toda a infraestrutura e acolhimento oferecidos pela unidade.

Diretora-geral do HMIJS, Domilene Borges explica que, com a aprovação do Ministério da Saúde, o Hospital Materno-Infantil iniciou a implantação das diretrizes gerais que norteia o programa, que vão desde a melhoria no acesso das populações indígenas ao serviço especializado, adequação da ambiência de acordo com as especificidades culturais.

“Estamos promovendo também o ajuste de dietas hospitalares considerando os hábitos alimentares de cada etnia, além do acolhimento e humanização das práticas e processos de trabalho dos profissionais em relação aos indígenas e demais usuários do SUS, considerando a vulnerabilidade sociocultural e epidemiológica de alguns grupos”, explicou.

Preservação

O Brasil tem quase 1,7 milhão de indígenas, segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com 229.103, a Bahia conta com a segunda maior população indígena no país, o que representa 1,62% dos habitantes do estado. No ranking das 50 cidades do Brasil com maior comunidade do grupo étnico, a Bahia ainda conta com Porto Seguro em 14° e Ilhéus em 21° com cerca de 12 mil indígenas. Os Tupinambá estão situados em uma área de 47 mil quilômetros quadrados entre os municípios de Ilhéus, Buerarema e Una, no Território Litoral Sul da Bahia. São 23 aldeias tradicionais e pelo menos 90% desta área ficam localizadas no município de Ilhéus.

Em uma dessas aldeias, a Tukun, mora a família da pequena Maria “Yarin”, segunda filha do casal Yuri e Luciele, indígenas da etnia Tupinambá que também encontraram no Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio a chance de trazerem a filha ao mundo respeitando todas as tradições e preferências da família.

A menina, que nasceu em parto normal, chegou ao mundo em uma data cheia de simbolismo: o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, fato que, para o pai, mereceu uma comemoração para lá de especial. “Vivemos um marco histórico de lutas, vindas já de muitos séculos, e o nascimento de minha filha, mais uma representante da etnia Tupinambá, significa a preservação de um povo que merece conquistar mais respeito e ocupar melhor o seu espaço”, afirma.

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