
Poucos devem saber, mas uma infecção na boca pode afetar diretamente a realização de procedimentos médicos, em especial, os cirúrgicos. No Hospital Ortopédico do Estado da Bahia (HOEB), por exemplo, o serviço odontológico da unidade realizou mais de 1.200 atendimentos em pacientes internados e acompanhou 100% dos casos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
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Esse acompanhamento é uma medida preventiva de proteção para garantir que o paciente não tenha possíveis complicações. O MASSA! conversou com a cirurgiã-dentista Cristiane Rivas, que, durante a entrevista, explicou como funciona a atuação da odontologia em ambiente hospitalar.
“A odontologia hospitalar atende pacientes cardíacos oncológicos, renais diabéticos, enfim, todas as patologias da medicina. A gente trabalha, principalmente, no combate a infecções, porque a flora bucal é o lugar que mais tem bactérias no nosso corpo. Se a flora estiver adequada, ou seja, sob controle, sem nenhuma infecção, conseguimos fazer um procedimento com maior segurança. No entanto, se um paciente, por exemplo, que vai fazer um procedimento cirúrgico, tiver um risco muito grande de ter uma infecção secundária, aquela bactéria que está na boca, entra na corrente sanguínea e vai causar uma infecção à distância, como no coração, no pulmão, no rins, no cérebro, que são órgãos importantes, ou até mesmo na ferida cirúrgica, porque é uma área que tem uma concentração maior de células que estão ali se recuperando. Com isso, fica mais suscetível a acontecer essa contaminação da boca”, explicou.

Segundo a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), a presença de cirurgiões-dentistas na UTI pode reduzir em até 56% os casos de pneumonia associada à ventilação mecânica.
Triagem
A dentista também explicou o que é feito quando é identificado alguma anormalidade na parte dentária do paciente.

“Primeiro, ele passa por um processo chamado de adequação bucal, onde a gente remove todos os focos infecciosos. Quando possível, a gente tenta tratar. Por exemplo, se um paciente tiver uma cárie que precisa fazer canal, e se a gente tiver um tempo hábil, a gente faz o canal. Faz uma raspagem, uma limpeza e deixa ele com a flora controlada. Mas, se houver a necessidade de uma abordagem imediata, optamos pela extração porque existe o risco de manter ele na boca e de ter uma complicação por uma infecção secundária. Então, se a gente não tira esse dente, pode ter uma infecção que pode evoluir pra óbito”, diz.