Por Jade Oliveira*
Nos últimos dois anos houve um aumento no número de mulheres com menos de 35 anos com câncer de mama. Mulheres nessa faixa de idade agora representam 5% no número total de casos, segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). O número anterior era de 2%.
“Má alimentação, tabagismo, stress são fatores do estilo de vida que podem contribuir com a chegada do diagnóstico. Também pode ser genético ou hereditário. Os casos genéticos são mais raros. Algo que contribui bastante é o fato de que a mulher moderna demora de ter filhos. A amamentação e a gravidez são fatores protetores. Ajudam a prevenir o câncer.” Afirma a oncologista Débora Gaudencio.
Segundo a médica, o câncer pode ser mais agressivo nas mais jovens por conta do diagnóstico tardio. Mulheres mais velhas costumam descobrir mais cedo por conta do rastreamento anual. Quanto mais cedo é feito o diagnóstico, maiores as caches de cura e tratamento mais tranquilo.
Priscila de Jesus (24) teve câncer quando tinha apenas dezenove anos. A estudante de geografia conta que num dia comum percebeu algo de estranho no seio, mas demorou de falar com a mãe. "Um dia, depois de chegar em casa, tirei o sutiã e vi uma coisa estranha no meu peito. Um caroço. Depois de um mês, vi que tinha crescido e contei pra minha mãe." Priscila também relata que não tinha plano de saúde. Fez uma ultrassom e o médico afirmou ser apenas um nódulo.
Foi com a ida a um mastologista que a jovem passou por vários exames e, quase um ano depois, recebeu o diagnóstico de câncer de mama. Em sua família não havia histórico da doença e seus exames constatam que não havia nenhum problema genético. Priscila precisou passar por uma cirurgia e por sessões de quimioterapia e radioterapia. Mesmo já estando livre do câncer, Priscila faz exames semestrais e hormonioterapia.
Priscila passou a compartilhar sua experiência nas redes sociais e hoje continua produzindo conteúdo para a página no Instagram @projetosecuidapreta, dedicada a informar e dar voz a mulheres negras com câncer de mama, juntamente com duas amigas. "Eu busco dar a informação que não tive antes. Conscientização não tem idade. Mulheres jovens também precisam se cuidar. Não só as com mais de 40 anos", relata Priscila. A jovem também conta como o câncer é um tabu. "Nos filmes as pessoas com câncer sempre morrem no final. Mas existem tantas formas de tratamento e chances de sobreviver. É preciso manter o foco e seguir a vida acima de tudo."
A recomendação da oncologista é estar atenta aos sinais da mama, como coloração, textura ou líquidos estranhos. O autoexame constante é de grande ajuda. Um estilo de vida com boa alimentação, atividades físicas e redução de estresse contribuem para uma vida saudável e livre de câncer.
Atendimento gratuito
Até o dia 22/10 a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) disponibiliza uma Unidade Móvel no Salvador Norte Shopping para realizar mamografias de maneira gratuita. O exame é destinado para mulheres de 40 a 69 anos.
Para ter acesso, além da faixa etária indicada, as mulheres precisam ter mais de 1 ano que realizou a última mamografia e não possuir histórico de cirurgia em mama ou cicatriz. Os documentos necessários são: Cartão Sus, Documento de identificação (RG) e Comprovante de residência.
A Unidade Móvel ficará no shopping até 22/10 e o funcionamento é de segunda a sábado, das 8h às 18h. As senhas são distribuídas a partir das 6h30. A meta é atender 140 mulheres, por dia.
*Sob a supervisão da editora Louise Batista
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