Por Maria Laura S. de Souza*
O Novembro Azul, campanha de conscientização sobre o câncer de próstata, será celebrado este ano com uma série de atividades elaboradas pela Sociedade Brasileira de Urologia, seccional Bahia (SBU-BA). Com o tema “Saúde também é papo de homem”, as ações serão realizadas em Salvador ao longo do mês com mutirões de consultas e exames gratuitos, além de ações de conscientização.
Os mutirões de rastreamento serão realizados no Lar Harmonia, Hospital Aristides Maltez (HAM), Hospital das Clínicas e Ambulatório Social Luigi Verzé. As consultas e exames têm o objetivo de investigar tumores de próstata, testículo e pênis, incentivando o autocuidado e alertando sobre a importância do diagnóstico precoce.
Nesta terça-feira (1º), no Lar Harmonia, em Piatã, estão sendo oferecidos 180 exames de sangue para dosagem do PSA (Antígeno Prostático Específico), das 7h às 11h. Os exames estão sendo realizados por ordem de solicitação através do WhatsApp (71) 99605-9730. Podem participar homens a partir dos 45 anos de idade. Os pacientes que apresentarem alteração no resultado do exame PSA, voltarão no dia 5 para consultarem urologistas integrantes da SBU-BA.
No dia 12, o Hospital Aristides Maltez (HAM), recebe outros 200 homens para consultas e exames urológicos gratuitos. A ação acontece das 7h às 12h, e podem participar os pacientes que nunca tenham realizado o exame PSA, ou que tenham em mãos o resultado do PSA acima de 4,0 ng/ml; Também estão inclusos pacientes que tenham apresentado nódulos nos testículos durante o exame físico ou de imagem, ou ainda, que apresentem lesão ulcerada no pênis. O agendamento pode ser feito até 10 de novembro pelo telefone (71) 3357-8531.
No Hospital Universitário Professor Edgard Santos (HUPES / Hospital das Clínicas), a ação será voltada para os próprios funcionários e colaboradores da unidade. Serão beneficiadas 50 pessoas previamente selecionadas. No dia 26, o Ambulatório Social Luigi Verzé, em Pau da Lima, realizará um mutirão de Novembro Azul. A programação será divulgada no dia 10 de novembro
Preconceito só atrapalha
O câncer de próstata matou 16.055 homens em 2021, o que corresponde a 44 mortes por dia. O Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima 65.840 casos da doença no Brasil em 2022. Na Bahia são esperados 6.130 diagnósticos nesse mesmo período. Os altos números podem ser associados ao estigma de que homens não adoecem nunca e por isso não precisam ir ao médico, ou somente vão na presença de sintomas.
Segundo o médico urologista e diretor da SBU-BA, Ricardo Souza, a campanha tem o intuito de alertar os homens sobre a saúde em geral, porém, o câncer de próstata é mais frequente. “Atinge 6 milhões de homens por ano e além disso, a campanha pede uma avaliação mais ampla, inserindo esse homem no sistema de saúde, detectando outros problemas”, explica.
O urologista explica que quando o câncer é descoberto precocemente, é possível realizar o acompanhamento sem tratamentos invasivos. “Caso a doença avance, o tratamento mais estabelecido é a cirurgia ou a radioterapia. Em casos mais graves com o retorno da doença ou a presença de metástase, temos comprimidos que reduzem a testosterona ou a quimioterapia”, explica.
O especialista explica que é importante saber que o exame de toque permite identificar a consistência dos nódulos e o tamanho da próstata, aspectos que ajudam a direcionar o tratamento. “Sabemos que tem um grau de desconforto, mas dura apenas 30 segundos, o homem não vai deixar de ser homem, nem perder a sua virilidade, sua masculinidade por isso. É preciso perder um pouco desse preconceito”, alerta.
Venceu a doença
Aposentado aos 75 anos, um paciente, que preferiu não se identificar, conta que teve câncer de próstata e optou por fazer a cirurgia de retirada total da próstata. “Já vinha fazendo um acompanhamento bem preciso, a cada 6 meses e depois a cada 4 meses para saber como estava o crescimento dela e da taxa do PSA”, explica. Ele não sentiu nenhum sintoma, exceto a diminuição do fluxo da urina no último ano.
Ele diz ainda que a confirmação do câncer veio somente após a cirurgia, ao realizar a biópsia do material retirado. “No meu caso, estava o tumor ainda restrito à parte interna da próstata, provando assim que tomamos a decisão da cirurgia ainda a tempo de evitar que o tumor se propagasse”, ressalta.
Para ele, hoje existem muitas campanhas e informações, por isso os homens não devem ter o preconceito de fazer o exame. “Acho que um homem que diga hoje que não fará esse exame, será até mal visto pelos amigos. Se o paciente deixar passar do período próprio para a cirurgia, certamente terá um pior pós-operatório e necessidade de tratamento com quimioterápicos”, opina.
*Sob a supervisão da editora Kenna Martins
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