A Fiocruz realizou uma pesquisa, chamada “Trajetória das mulheres na definição pelo parto cesáreo”, que acompanhou 437 mães que tiveram filho no Rio de Janeiro. Sendo assim, na etapa inicial do pré-natal, 70% delas descartaram a cesárea como opção número um. Contudo, 90% delas acabaram dando à luz através deste procedimento cirúrgico.
Do mesmo modo, desse total, em 92% dos casos, a cirurgia aconteceu antes de a mulher entrar em trabalho de parto. A pesquisa reforça um fato comum na maioria das maternidades brasileiras que coloca o Brasil como o vice-líder entre os países que mais realizam cesáreas no mundo, atrás somente da República Dominicana.
“Infelizmente, por conta de muitas parturientes serem expostas a situações traumáticas de dor extrema durante o parto, muitas mulheres optam pela cesariana como prioridade. No entanto, é possível utilizar métodos de alívio da dor durante o trabalho de parto”, explicou a especialista e obstetra baiana, doutora Mônica Neri, sobre uma das razões para que as mulheres optem pela intervenção cirúrgica.
Leia Mais
Brasil registra 38,4 mil novos casos de covid-19 em 24 horas
Salvador amplia faixa etária da Pfizer Baby nesta quinta (29)
Visando ampliar a satisfação das gestantes no momento do parto e minimizar o desejo por cesarianas gerado pelo medo da dor, ela comandou, juntamente com a Profa. Maria do Carmo Leal, da Fiocruz, um projeto que deseja ampliar o acesso à analgesia em trabalho de parto em maternidades brasileiras.
Composta por profissionais de saúde de duas maternidades-piloto, uma em Fortaleza e outra no Rio de Janeiro, a equipe fez visitas técnicas nas maternidades Jeanne de Flandre, em Lille, e Regional de Angers, ambas na França, de 13 a 21 de dezembro.
“É uma questão de acolher o desejo da mulher de não querer sentir dor. A mulher deve ter o direito assegurado de realizar o parto normal com todo o amparo para minimizar a dor. Como são feitos cada vez menos partos normais, precisamos definir fluxos e protocolos, bem como sensibilizar e capacitar os profissionais e gestores para investimento em ações de acolhimento e alívio da dor durante o parto natural. Acreditamos que seja uma estratégia importante para reduzir o percentual de cesárea no país”, garantiu.
O projeto, coordenado pela Fiocruz – conta também com apoio do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA (Universidade Federal da Bahia) –, e é financiado pela Embaixada da França e pelo Ministério da Saúde francês.