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Inteervenção - 03/10/2025, 07:00 - Wiliam Falcão

Autismo: Ministério da Saúde adota testes para diagnóstico precoce

Nova recomendação visa vai atender crianças entre 16 e 30 meses de idade

De acordo com dados do IBGE, a estimativa é que 1,0% da população brasileira viva com TEA
De acordo com dados do IBGE, a estimativa é que 1,0% da população brasileira viva com TEA |  Foto: Divulgação / Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde adotou uma nova linha de recomendação para o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA). A partir de agora, a pasta orienta que os profissionais da área façam o teste de sinais de autismo em todas as crianças entre 16 e 30 meses de idade.

O objetivo é fazer com que o alerta seja ligado aos familiares cada vez mais cedo e que os pacientes sejam estimulados antes mesmo de receber o diagnóstico fechado.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a estimativa é que 1% da população brasileira viva com TEA. Os números ainda indicam que 71% dessas pessoas apresentam também outras deficiências

Por isso, a identificação precoce dessa condição é de extrema importância para acolher e dar suporte às famílias que, em muitos casos, não sabem o que fazer após o diagnóstico. Neste cenário, os pais seriam conscientizados em relação aos cuidados para melhor favorecer o desenvolvimento da criança.

Como parte da nova recomendação do Ministério da Saúde, a estratégia prevê ações de orientação parental, grupos de apoio e capacitação de profissionais da Atenção Primária para estimular práticas no ambiente domiciliar que complementam o trabalho multiprofissional. Com isso, busca reduzir a sobrecarga das famílias e promover vínculos afetivos saudáveis.

Teste rápido e necessário

Para que os profissionais de saúde consigam identificar sinais iniciais de autismo durante consultas rotineiras, um teste com 20 perguntas será feito para os familiares e responsáveis dos pacientes.

De acordo com a pontuação atingida no questionário, as famílias receberão as devidas orientações sobre a necessidade de estimular e intervir o quanto antes. Em alguns casos, eles poderão ser encaminhados para avaliação especializada.

O M-CHAT, teste de triagem para identificar sinais de autismo nos primeiros anos de vida, está disponível na Caderneta Digital da Criança e no prontuário eletrônico e-SUS APS em todo o país. Além disso, com a nova recomendação do ministério, agora deverá ser aplicado a todas as crianças em atendimento desde a atenção primária.

Diagnóstico desafiador

Os desafios para quem recebe a confirmação de que o filho tem Transtorno do Espectro Autista não são nada fáceis. Sinara Andrade, moradora do bairro de Sussuarana, em Salvador, é mãe de Sophia, de 6 anos, que só foi diagnosticada com autismo há três anos.

Os primeiros sinais foram quando a menina ainda tinha 2 anos, mas o veredito final do médico só veio um ano depois. Desde então, a mãe procura ajuda de especialistas para ajudar no desenvolvimento da filha mais nova.

Mãe e filha estreitaram ainda mais os laços há três anos
Mãe e filha estreitaram ainda mais os laços há três anos | Foto: José Simões/AG A TARDE

Além disso, ela também deixou o trabalho de carteira assinada, mesmo com todas dificuldades na época, para se dedicar ao cuidado da filha após perceber que precisava estar mais perto da criança.

Existe o medo, existe a questão dos porquês, por que comigo? Por que minha filha? Existe também a questão de o que fazer porque eu trabalhava, na época meu marido estava desempregado, então existe todo um processo”, desabafou em entrevista ao Portal MASSA!

Contudo, Sinara destaca que conta com o apoio do marido e de outros familiares para encarar a batalha, fazendo da situação uma oportunidade.

Aspas

Não se prenda ao diagnóstico

Sinara Andrade

“Se você se prende ao diagnóstico, você não consegue viver. Eu sempre falo: 'não se prenda ao diagnóstico'. Uma amiga psicóloga disse isso e foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, porque eu passei a sentir leveza”, afirmou.

Diagnóstico não derrubou Sinara
Diagnóstico não derrubou Sinara | Foto: José Simões/AG A TARDE

O acompanhamento dos profissionais tem surtido efeito na vida de Sophia. Após três anos, ela reduziu o grau do autismo do nível 2 para o nível 1, e desenvolveu ainda mais estímulos para conviver com outras pessoas e melhorar a socialização.

Sophia faz parte dos 29% da população que só tem Transtorno do Espectro Autista (TEA) e não desenvolveu nenhuma outra deficiência.

Psicólogo alerta pais e responsáveis

Identificar os sinais, acompanha-los e levar a criança a um especialista. Esse deve ser o percurso natural que os pais ou responsáveis devem adotar. Em entrevista ao MASSA!, o psicólogo infantil Gilmar Santos destacou que os testes precoces só têm a ajudar no processo do diagnóstico.

Aspas

Quanto mais cedo o diagnóstico chegar, melhor para essa criança

Gilmar Santos

“Então vai ser as janelas de oportunidade de desenvolver habilidades e competências do neurodesenvolvimento”, afirmou.

O profissional de saúde também destaca que existem alguns sinais podem ser observados dentro de casa logo nos primeiros meses de vida do bebê.

Aspas

É muito comum a gente observar que crianças de seis meses não acompanham quando os pais ou a mãe principalmente chama, então ele não olha, não vira o pescoço em direção ao som.

Gilmar Santos

Gilmar também reforça a importância de ficar ligado na caderneta da criança, documento ofertado pelo Ministério da Saúde, por meio do SUS, após o nascimento do bebê que indica as evoluções dentro de cada faixa etária.

“Existem as fases desenvolvimento infanto juvenil ou do neuro desenvolvimento, e dentro dessas fases, lá dentro da caderneta, tem abas específicas, quadradinhos ou locais para registrar se a criança está acompanhando aqueles marcos de desenvolvimento”, explicou o psicólogo infantil.

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