Baianos já sentem no bolso o reajuste dos combustíveis, causado pela reoneração da gasolina e do etanol, confirmado na terça-feira (28), por Fernando Haddad (PT). De acordo com o ministro da Fazenda, a reoneração da gasolina será de R$ 0,47 que, com o desconto da Petrobras, chega a R$ 0,34 de saldo líquido. Já o aumento do etanol, será de R$ 0,02, com manutenção da diferença de R$ 0,45.
O Grupo A TARDE foi às ruas para saber como a população recepcionou a novidade que entrou em vigor no primeiro dia do mês de março. Em alguns postos da capital baiana, a gasolina comum chegou ao valor de R$ 6,29. O aumento se deu por causa das cobranças nos impostos do Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins).
A reportagem seguiu pela cidade, de posto em posto, para ter uma noção de quanto o consumidor soteropolitano vai pagar a mais a partir de agora. O da Petrobras, localizado na saída do Stiep, foi o que teve um maior reajuste para o consumidor. Antes, o preço da gasolina custava R$ 5,59, agora o consumidor terá que desembolsar 6,29 por litro, ou seja, um aumento de 12,52%. O etanol sofreu um reajuste ainda maior, passando de R$ 4,49 para 5,29, ou seja, 17.81% a mais no orçamento do consumidor.
O empresário Argemiro Ramos Neto, que precisa encher o tanque toda semana para trabalhar, pagará uma conta elevada. Segundo ele, a estimativa é de que passe a gastar cerca de R$ 250 por semana. Antes, ele pagava em torno de R$ 180.
"Essa conta está sendo paga por nós. Tá ficando muito alto. Isso impacta no meu dia a dia. Geralmente eu tinha um valor de abastecimento, cerca de 180 [reais]. Hoje vai chegar o quê? A mais do que isso, vai entrar em 250, 260 por semana de abastecimento".
Já a funcionária pública Ana Angélica relata que foi pega de surpresa, e olhe que o posto que ela abastecia não era um dos mais caros. "Eu estou chocada. Eu ia abastecer ontem e me arrependi quando cheguei aqui hoje. Mas infelizmente é necessário né?", disse ela, enquanto colocava gasolina aditivada no Posto Shell do Imbuí. Lá, o reajuste da gasolina comum foi de 7, 15%, ou seja, saiu de R$ 5,59 para R$ 5,99. Os consumidores do etanol também foram afetados. O combustível, que antes era cobrado R$ 4,49, agora custa 4,99, no mesmo estabelecimento.
Mas houve estabelecimentos que ainda não entraram na 'onda' do reajuste da reoneração. No posto 'Pague Menos', da avenida San Martin foi registrado o menor valor. Lá, o consumidor ainda segue pagando R$ 5,54 na gasolina, mas isso deve mudar ainda nesta quinta. Do outro lado da pista, o Posto da Petrobras também seguia cobrando o valor de R$ 5,59 pelo litro do mesmo produto. Por isso, filas se acumulavam no local. "O movimento aqui tá intenso, mais que o normal. O pessoal está aproveitando. Estão com medo de aumentar e aproveitando para abastecer. Toda hora vem um perguntando quando vai aumentar. Agora mesmo saiu um", contou a frentista Valdirene Sena.
Sindicato
Marcelo Travassos, secretário executivo do Sindicombustíveis Bahia, falou ao Portal A TARDE sobre o temor de um novo 'boom' na alta dos preços dos combustíveis e que isso possa impactar nas vendas e situação econômica do país. " É fácil lembrar que há pouco tempo haviam estados cobrando R$ 8, R$ 9 [...] O receio é que isso volte a acontecer e que isso possa impactar diretamente nas vendas. Que os postos tenham que demitir pessoas para equilibrar as contas. O combustível também é um produto que impacta em toda a economia e alta inflaciona os preços das coisas. Ou seja, o dentista começa a cobrar mais caro, o motorista começa a cobrar mais caro, a comida fica mais cara", explicou.
A Acelen informou "que os preços dos produtos produzidos na Refinaria de Mataripe seguem critérios de mercado que levam em consideração variáveis como custo do petróleo, que é adquirido a preços internacionais, dólar e frete, podendo variar para cima ou para baixo".
Já a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) disse em nota que "não tem nenhuma participação na formação dos preços, nem na questão tributária". Além disso, o órgão ressaltou que "os preços são feitos pelo mercado, pelos agentes que nele atuam, como as refinarias (parte da Petrobras e parte privadas), usinas, distribuidoras e postos de combustíveis".
Ainda segundo a ANP, os preços dos combustíveis são livres no Brasil, por lei, desde 2002, sendo fixados pelo mercado. Com isso, não há preços máximos, mínimos, tabelamento, nem necessidade de autorização da ANP, nem de nenhum órgão público para os preços serem reajustados ao consumidor.