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pela paz nos estádios - 21/03/2025, 07:00 - João Grassi

Violência no futebol pode gerar gatilhos de estresse, medo e insegurança

Psicóloga explica a motivação de comportamento violento entre torcedores

Torcidas organizadas de Bahia e Vitória presentes nas arquibancadas
Torcidas organizadas de Bahia e Vitória presentes nas arquibancadas |  Foto: Rafael Rodrigues / EC Bahia e Victor Ferreira / EC Vitória

A violência dentro do mundo do futebol é um sintoma mundial, que causa diversos problemas graves em todos os anos. Episódios envolvendo confrontos entre torcidas organizadas geram casos criminais, entre agressões, vandalismo e até homicídios. Na Bahia, a Torcida Organizada Bamor, do Bahia, e a Torcida Uniformizada Os Imbatíveis (TUI), do Vitória, protagonizam os embates mais graves e, com a decisão do Baianão de 2025 neste fim de semana entre a dupla Ba-Vi, os casos voltam à tona.

Neste ano, cerca de 100 torcedores foram conduzidos à delegacia, em janeiro, após uma confusão que terminou com vandalismo no bairro de Periperi, no Subúrbio de Salvador. Desse total, 15 eram menores de idade. No mesmo dia, também houve registros de um ataque contra tricolores que estavam em um bar no bairro Engenho Velho de Brotas.

O comportamento agressivo destes torcedores pode ser explicado pela psicologia, que aponta fatores culturais do futebol como preponderantes. Em entrevista ao Portal MASSA!, a psicóloga Fernanda Lago, especializada na área esportiva, comentou sobre o impacto da violência associada às organizadas. Para ela, o a sensação de "pertencimento" que envolve a cultura do futebol explica em partes algumas condutas de torcedores.

"A violência associada às torcidas organizadas tem um impacto profundo no futebol, afetando jogadores, torcedores, profissionais do esporte e até mesmo as forças de segurança. Psicologicamente, o futebol é um espaço de identidade e pertencimento, onde emoções intensas são vividas. Quando esse ambiente se torna caótico e hostil, a experiência esportiva deixa de ser prazerosa e passa a ser um gatilho de estresse, medo e insegurança", detalhou.

Segundo a profissional, outro ponto cultural do futebol que impacta é a ideia de uma "rivalidade extrema", que por vezes ultrapassa o espírito competitivo saudável e se torna um mecanismo de agressão e hostilidade. Conforme a psicóloga, a identidade do torcedor muitas vezes está "atrelada à sua torcida e ao seu time, o que faz com que o adversário seja visto como um inimigo a ser combatido".

Briga entre torcedores do Flamengo e Fluminense
Briga entre torcedores do Flamengo e Fluminense | Foto: Reprodução

"Os estádios, historicamente, foram vistos como espaços de catarse emocional, onde os torcedores podiam expressar suas emoções de maneira intensa. No entanto, essa permissividade passou a justificar comportamentos que ultrapassam a linha do respeito e da legalidade. Isso acontece porque, dentro desses ambientes, alguns indivíduos sentem que há uma suspensão das normas sociais que regem a convivência em outros espaços públicos", detalhou Lago.

Ainda de acordo com Fernanda, a violência muitas vezes já está presente no dia a dia de alguns torcedores, seja nas comunidades onde vivem ou nas relações que estabelecem. Assim, o futebol acaba se tornando um espaço onde "essas tensões são descarregadas".

"Para quebrar esse ciclo, é fundamental que existam medidas rigorosas de punição e prevenção, além de campanhas educativas que promovam uma cultura de respeito dentro e fora dos estádios. O futebol deve ser um espaço de paixão, não de violência", finalizou a psicóloga.

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