A fonoaudióloga Tamires de Sousa Reis tem vivido meses turbulentos após o término de um relacionamento de 10 anos, marcado por uma série de agressões físicas, verbais, patrimoniais e também psicológicas, situação que ela pensou que fosse acabar ao fim do matrimônio, mas tomou outra proporção ao notar sinais de violência sexual na filha de 3 anos. Em busca de ajuda, ela usou as redes sociais na tarde deste domingo (21) para fazer a denúncia.
A decisão de tornar público o problema se deu a uma série de fatores que, segundo Tamires, ao longo de diversas tentativas junto à justiça, os órgãos públicos parecem favorecer o empresário identificado Paulo Roberto Santos de Souza Filho. "Eu e minha filha estamos correndo perigo e estou me expondo porque não sei mais o que fazer. Eu preciso de ajuda porque está acontecendo alguma coisa muito grande em meio a todos esses órgãos. Eu não tenho só indícios [de violência sexual], mas tenho provas, diversos relatórios. Como é que eu posso permitir que minha filha durma na casa dessa pessoa?", questionou.
Ela contou à reportagem que, durante o tempo em que estiveram juntos, ela viveu um relacionamento abusivo, no qual o ex buscou formas de afastá-la da família e amigos. "Nos primeiros quatro meses era tudo um mar de rosas, mas depois ele começou a se mostrar controlador, mas isso vinha com ações de estar sempre preocupado comigo, falava que minha família não prestava, que eles não queriam ver a gente juntos", começou.
"Minhas primas, minhas amigas, sempre me alertavam de que isso não estava certo, mas como eu poderia ver? Eu estava apaixonada! Quando eu comecei a enfrentá-lo, foi então que as coisas mudaram. Para se ter uma ideia, hoje eu consigo ver as ações: por ter condições, sempre que podia, principalmente no meu aniversário, ele me levava para fora do país para que eu não pudesse receber amigos, ligações. Hoje eu me pergunto como pude me permitir viver aquilo", completou.
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De acordo com Tamires, após o nascimento da filha, ela passou a encontrar hematomas no corpo da criança, mas sempre que questionava, o pai dava justificativas. Quando passou a frequentar a casa do pai, cerca de três vezes na semana, após a divisão da guarda, os sinais de violência física aumentaram, até que apareceram indícios de violência sexual. "Quando eu decidi pelo término, eu só pensava em me afastar e afastar ela dele, mas não tinha pensado que isso só faria ele ficar mais tempo com ela, e o pior, sozinha na casa dele", lamentou a mulher.
"Foi em julho de 2022, quando ele devolveu minha filha e ela só fazia chorar. Eu tentei dar banho nela, mas ao tentar tirar a fralda, ela começou a fazer uma barreira com travesseiros na cintura, cruzou as pernas e falou 'não mamãe, medo' e tapava os olhinhos com as mãos. Depois de muita conversa, ela deixou remover a fralda, foi quando eu vi que as regiões íntimas estavam avermelhadas".
Depois do episódio, ela contou que lutou para acreditar que a filha tivesse sido violentada pelo pai. "Eu não queria acreditar naquilo, pensei que tivesse sido mais um episódio dele de grosseria, embora uma algo dentro de mim dizia que tinha sido aquilo mesmo. Um sentimento de mãe me corroía em um mix de sentimentos pesados. Eu questionei, mas era sempre a mesma coisa", completou a fono.
A situação só foi ladeira abaixo. Quase um ano depois, a mãe e avó presenciaram a criança fazer e pedir que reproduzissem nela atos obscenos. "Depois de uma conversa com a ginecologista, ela alertou que é preciso bater na tecla que estupro de vulnerável nessas condições não acontece de forma explícita, em vez disso, o agressor busca formas para acobertar", lamentou.
"E o que mais chama a atenção é o descaso, porque como é que pode um promotor, desembargador tomar uma decisão baseada em relatos de que ele é um bom pai, que a criança fica alegre na presença dele. Teve um juiz em uma audiência que alegou que havia manipulado a minha filha em um audio", disse, revoltada. A reportagem procurou o Ministério Público, mas não houve resposta até a publicação desta edição. A defesa de Paulo não foi localizada.