O conflito por terras deixou três pessoas baleadas no sábado, 02, em Angico dos Dias, distrito de Campo Alegre de Lourdes, no norte da Bahia. De acordo com relato dos moradores, os disparos partiram de um grileiro que tenta invadir terrenos que pertencem à comunidade tradicional. As vítimas são três homens, dois do território de Angico dos Dias e um agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Diocese de Juazeiro.
Para a Comissão Pastoral da Terra Bahia (CPT Bahia), as testemunhas informaram que dois policiais – um deles da polícia civil de Campo Alegre de Lourdes – presenciaram o atentado e deram cobertura ao atirador. Eles também teriam atirado contra os posseiros.
O conflito por terras no distrito de Angico dos Dias se intensificou no mês de gosto após os moradores serem surpreendidos com a invasão da área pertencente a comunidade. Segundo a CPT Bahia, o último episódio de violência envolvendo o mesmo grupo aconteceu no dia 25 de agosto, quando eles impediram a construção de casas e foram ameaçados pelos grileiros.
Ainda segundo a pastoral, os moradores vêm denunciado a invasão da área, que fica na divisa com os municípios de Caracol e Guaribas, no estado de Piauí, próxima ao Parque Nacional Serra das Confusões. "Funcionários, que dizem estar a serviço da empresa Terra Quente Agropecuária, desmataram a vegetação nativa, transportaram maquinário e materiais para o local, fizeram perfurações no solo, colocaram postes de energia e iniciaram uma construção", diz a nota da CPT Bahia.
O estado de saúde das três pessoas baleadas não foi informado. A Polícia Civil investiga a tripla tentativa de homicídio e tenta localizar o responsável pelos disparos. A CPT Bahia repudio o caso de violência e a invasão de terras na região. A reportagem não conseguiu manter contato com a Terra Quente Agropecuária para responder pelas acusações de desmatamento e invasão.