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LIDERANÇA FEMININA - 11/08/2025, 09:00 - Silvânia Nascimento

Tenente-coronel faz história ao assumir comando de batalhão da PM

Cláudia Mara é a segunda mulher a assumir o comando de um batalhão especializado,

Conheça a história de Cláudia Mara
Conheça a história de Cláudia Mara |  Foto: Uendel Galter/Ag. A TARDE

Quando o educador e filósofo brasileiro, Paulo Freire (in memoriam), disse que a “educação sozinha não transforma a sociedade", certamente, ele estava se referindo a necessidade da coletividade para a concretização de dias melhores.

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No dicionário Aurélio, o termo coletividade refere-se a "um conjunto de indivíduos que compartilham interesses ou objetivos comuns, ou que são afetados de maneira semelhante por determinadas situações. É a qualidade ou estado do que é coletivo, um grupo de pessoas que, unidas por laços sociais ou por uma causa comum, formam uma entidade distinta".

Foi com o propósito de integrar, ainda mais essa coletividade, que a Polícia Militar da Bahia criou o Batalhão de Policiamento Escolar (BPEsc), em 2023. Recentemente, a missão da unidade ganhou um toque e reforço especial: a chegada da tenente-coronel Cláudia Mara, que tornou-se a segunda mulher da história a comandar um batalhão especializado da PMBA.

A oficial ingressou na instituição em 1993 e, durante a maior parte dessa trajetória, fez parte de unidades da polícia que atuam diretamente com a educação. “Passei pelo Instituto de Ensino da corporação. Depois fui para o Colégio da Polícia Militar (CPM) Lobato, local que passei 15 anos. Agora, foi me dado esse presente, esse desafio maravilhoso que é comandar esse batalhão. Para mim é um prazer, sabe? É uma satisfação estar à frente dessa unidade que presta um trabalho tão necessário”, disse em entrevista ao MASSA!.

Sobre a nova missão, mesmo com a vasta experiência com a educação, com crianças e jovens, a tenente-coronel define como desafiadora. “É a mulher ocupando o espaço de poder dela, né? É desafiador. Minha corporação fez 200 anos. Destes 200 anos, nós só temos 35 anos com a presença da mulher. Os outros 165 anos foram ocupados só por homens. Então, é a mulher ocupando espaço dela, só dela. Eu quero mais! Quero mais mulheres nesse lugar. A gente percebe que quando a mulher está à frente, ela é mais sensível, é mais cuidadosa, mais dedicada, mais compreensiva. Existe todo esse trabalho do ser feminino”, comemorou.

Cláudia sustenta irmãos e avó com emprego
Cláudia sustenta irmãos e avó com emprego | Foto: Uendel Galter/Ag. A TARDE

A oficial destacou o preparo do efetivo que, além das habilidades técnicas, também tem empatia . “Os policiais que trabalham aqui são preparados para lidar com esse público diferenciado, jovem. E quem nunca foi jovem? Quem nunca aprontou? Quem nunca errou? Então, é esse público que a gente tem que entender e tentar se colocar no lugar deles porque a gente vive, hoje, num mundo desafiador”.

Trajetória pessoal

“Falar de mim é complicado porque eu me emociono. Eu tenho cinco irmãos, sou a filha do meio. Lembro da minha vida, da minha infância. Lembro de minha mãe dizendo que eu era muito responsável, mas eu não conseguia compreender com 12 anos de idade. Hoje eu entendo. Eu perdi minha mãe quando eu tinha 21 anos. E quando ela morreu, ficaram os dois irmãos mais novos comigo, um irmão com 9 anos e outro com 17 anos. Eu não me arrependo, eu faria tudo de novo. Tudo, tudo de novo. Minha vida foi dedicada aos meus irmãos. Sabe? O que eu trabalhava, o que eu ganhava era para eles. E agradeço a Deus. Talvez, ela [a mãe] tivesse a visão, de que tinha que entrar na corporação para ter um emprego fixo. E foi esse emprego fixo que me deu a oportunidade de sustentar meus irmãos e a minha avó. Meu pai, logo depois da morte da minha mãe, foi viver a vida dele. A minha vida foi viver pra minha família”, lembrou a oficial, em lágrimas.

Cláudia sustenta irmãos e avó com emprego
Cláudia sustenta irmãos e avó com emprego | Foto: Uendel Galter/Ag. A TARDE

Sobre apostar, acreditar e incentivar

Essa entrevista foi um mergulho na história dessa tenente-coronel que, por meio de suas palavras e sua trajetória, comprova que uma das suas missões - enquanto profissional da segurança pública e enquanto ser humano - é, de fato, ajudar a abrir caminhos para os que mais precisam. “Eu creio muito em Deus, sabe? Creio no poder da língua, no que profetizamos para nossa vida. Às vezes, a gente só precisa dar mais uma chance. Acreditar, apostar porque, às vezes, no mundo lá fora, a família não chega junto, nem quer saber. Se a gente não vender esperança, se a gente não acreditar naqueles que não têm ninguém pra acreditar nele, quem é que vai acreditar? Quem vai apostar? Uma única pessoa já faz uma diferença tão grande na caminhada” , pontuou.

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