O taxista José Carlos dos Santos Júnior, morto a tiros no horário de trabalho nesta quinta-feira (30), no bairro da Cidade Nova, em Salvador, estava se preparando para abandonar a profissão após ser vítima de um sequestro seguido de roubo na semana anterior. A informação é de Denis Paim, presidente da Associação Geral dos Taxistas (AGT).
Júnior, como era chamado entre os colegas, tinha 40 anos e era natural da cidade de Elísio Medrado, a 160 km de Salvador. Ele teria passado por uma situação de tensão há menos de um mês, também em horário de trabalho.
"Ele pegou uma corrida na Ribeira e meliantes rodaram com ele durante quatro horas, fizeram ele dirigir com uma arma no pescoço a todo momento, roubaram também", contou Denis.
"Ele me disse que tinha nascido de novo depois disso, e que estava se organizando para largar o táxi, mas aconteceu essa fatalidade ontem. Luto total da categoria", completou o presidente da AGT.
Denis destacou que as informações sobre a ocorrência na última quinta, que vitimou Júnior e um passageiro, ainda são poucas. "Ele pegou essa corrida suspeita, que não sabemos ainda onde. Quando chegou na localidade do Forno, na Cidade Nova, ele e o passageiro acabaram sendo alvejados", contou.
Júnior será sepultado na tarde desta sexta-feira (31), em sua cidade natal. O taxista deixa mulher e um filho de 12 anos.
Onda de violência contra a categoria
De acordo com Paim, só em 2024 já foram registrados 217 assaltos a taxistas em Salvador e três taxistas mortos por violência no horário de trabalho. "No mínimo, cinco taxistas são assaltados por dia em Salvador. E temos uma estatística que não é real, porque muitos taxistas são assaltados, mas acabam não formalizando a ocorrência por conta das dificuldades", explicou.
A AGT tem buscado uma solução para o problema junto a Secretaria de Segurança Pública (SSP). "Vamos seguir cobrando a SSP [...] tentar também reuniões mensais com a SSP para atualizar esses números", completou.
Para Denis, alguns elementos podem ajudar a minimizar essas ocorrências ou a solucionar os casos com maior agilidade, como a criação de uma delegacia especializada. "Outro ponto é uma atenção maior nas abordagens, em blitz, que os agentes parem o táxi e verifiquem se é realmente o taxista que está conduzindo o passageiro", disse.
Além dos pedidos ao poder público, a categoria também tem recebido orientações da AGT para minimizar os problemas em ocorrências do tipo. "Nós temos orientado aos taxistas para não andar com dinheiro, não rodar com o celular visível no carro. Nós temos feito a nossa parte", concluiu.