Um inquérito da Polícia Civil de São Paulo revelou que o Primeiro Comando da Capital (PCC) mantém uma estrutura interna que funciona como um “setor de Recursos Humanos”. Conhecido dentro da facção como 'Sintonia Final do Resumo", o grupo seria responsável por manter a ordem, resolver conflitos, cadastrar integrantes e até passar orientações sobre eleições e o tráfico de drogas em comunidades de todo o país.
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As mensagens que entregaram o esquema foram encontradas nos celulares do traficante Michael Silva, vulgo 'Neymar do PCC', preso em agosto de 2024. Segundo informações do portal O Globo, ele era um dos principais mensageiros da cúpula do crime, responsável por repassar as decisões e cobranças vindas de cima.
De acordo com o material apreendido, o 'RH' faz de tudo um pouco: organiza “tribunais” pra julgar condutas erradas dos integrantes; ameaça quem bate de frente com os interesses da facção — sejam comerciantes, políticos ou moradores —; e ainda define regras do chamado “mercado do pó”.
Em julho do ano passado, por exemplo, Neymar do PCC mandou um comunicado sobre os pontos de drogas. O aviso circulou para quem estava vendendo os entorpecentes no "delivery" em locais onde já existiam bocas de fumo.
"Viemos através desta conscientizar todos que estão vendendo drogas em pedaços e no delivery irregularmente nas comunidades onde já existe biqueiras. Estão chegando várias ideias na ‘sintonia’ com descontentamento de seus respectivos donos por tais práticas irregulares”, alertava a mensagem.
Além disso, a “sintonia” mantinha o cadastro dos integrantes, com informações como apelido, área de atuação e motivo de morte dos que foram executados. Também organizava o chamado protocolo de retorno — quando um trafica voltava pra facção depois de ser perdoado.
'Neymar' do crime vivia vida de patrão
Michael Silva vivia em um apê em Santa Cecília, no Centro de São Paulo, e gostava de ostentar. Ele já foi flagrado em carro de luxo e, quando a casa caiu, foram encontrados junto ao rapaz, joias, uma balança de precisão e os celulares usados no esquema.
Agora, o 'trafica' responde a um processo por organização criminosa e tráfico de drogas, com o agravante de exercer função de chefia. A defesa dele nega todas as acusações e afirma que a investigação é “desastrosa” e tem “diversas nulidades, que serão arguidas em momento oportuno”.
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