No mesmo dia em que Denise Pereira dos Santos descobriu que o coração da pequena Jady pulsava dentro de sua barriga, a dona de casa teve uma notícia arrasadora. Após uma ligação, Denise foi até o Instituto Médico Legal Nina Rodrigues para reconhecer o corpo de sua única filha, Jaiane Santos Costa, de 22 anos. Ela foi encontrada morta no bairro de Águas Claras, no dia 6 de julho do ano passado, exatamente um mês após ser dada como desaparecida.
O corpo já estava em avançado estado de decomposição. Um ano e dois meses após o crime, o inquérito policial segue sem ser concluído. No entanto, a mulher de 39 anos continua sua busca incansável por Justiça. “Eu quero a resposta das autoridades. Tem um ano e dois meses que perdi minha filha e não vejo resposta nenhuma. Eu vou continuar pedindo por justiça”, disse Denise, em meio à tentativa fracassada de segurar o choro.
Jovem de sorriso largo, ‘tirada a blogueirinha’, como diziam as amigas, Jaiane ganhava a vida fazendo os ‘corres’ vendendo rifas, até ter sua vida e sonhos interrompidos de forma prematura. Para Denise, o crime foi orquestrado pela ex-sogra da jovem. O motivo seria a guarda da filha de Jaiane, hoje com 5 anos.
“É doloroso sair e ver as pessoas que tiraram a vida de seu filho e não dá em nada. Eu quero saber do delegado porque até hoje o inquérito não foi concluído”, falou ela, tentando segurar a emoção.
No dia 5 de julho, um domingo, Jaiane e a mãe foram para uma festa na região. “Um dia antes teve uma festa de paredão aqui na rua (na Baixa Fria, Boca do Rio). O primo de Jocineide armou para uma menina tombar nela. Mas ela não reagiu e falou comigo: ‘Aquela menina ali está passando aqui, já passou três vezes e me tombou”, contou Denise. Ela relatou que ainda na festa a filha teve um desentendimento com um traficante da região e um “ameaçou” o outro e ficou por isso mesmo.
No dia seguinte, na segunda, a ex-sogra teria chamado Jaiane para fazer compras. Isso, segundo Denise, seria uma isca para atrair a jovem. Esta seria a última vez que Jaiane foi vista com vida. “Umas 7 e poucas, essa Jucineide chamou a minha filha pelo celular, dizendo ela que foi fazer as compras da filha de Jaiane. Eu comecei a procurar, que no caso, ela foi na segunda-feira de noite, quando foi na quarta-feira que minha ficha caiu, que eu comecei a procurar”, recorda.
Denise foi chamada então para reconhecer a filha e a pessoa que estava com ela nas imagens de circuito de segurança do mercado onde Jaiane foi fazer compras.
“O advogado disse ‘Dona Denise, vai no DHPP às 14h que você vai ver sua filha. E nessas imagens tem alguém com ela e só você pra reconhecer’. Quando chegou lá, minha filha deu entrada no Atakarejo sozinha, mas quando ela saiu, ela já saiu com Jucineide e entrou em um carro. Ela esta va usando as mesmas roupas que foi encontrada morta um mês depois. Ela deixou minha filha aonde?”, questiona.
A mãe de Jaiane ainda salienta que perguntou pela filha por diversas vezes antes de descobrir o vídeo, mas Neide alegava desconhecer o paradeiro da rifeira.“
Diversas vezes eu parei ela (ex-sogra de Jaiane) aqui na rua, questionando, e ela me dizia que não sabia de nada. Depois que coloquei um advogado no caso, foi então que consegui ter acesso às imagens do Atakarejo”, disse. De acordo com o advogado que representa Denise, Marcus Rodrigues, a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) tem como alvo das investigações três pessoas ligadas à família.
Inclusive, medidas cautelares já teriam sido tomadas contra os suspeitos. Em nota, a Polícia Civil informou que o inquérito policial está em fase de conclusão, já com indicativo de autoria. Porém, detalhes não podem ser divulgados no momento para não atrapalhar as investigações. Denise também revela que foi impedida de poder ver a neta após a morte da filha. Segundo ela, a ex-sogra de Jaiane buscou a menina poucos dias após o caso. “Quando aconteceu o caso com Jaiane, foram uns dez meses sem eu ver a menina. Eu só fui ver ela (sic) através da Justiça. E ainda assim, com a ordem da Justiça, ela se negou no primeiro momento”, falou. Agora, Denise conseguiu o direito de ver a neta a cada 15 dias.
Suspeitas refutadas
A reportagem do Jornal MASSA! tentou contato novamente com Jucineide, a ex- sogra de Jaiane e que é citada várias vezes por Denise, mas não conseguimos contato. Porém, na época do crime, a senhora de 46 anos já havia se manifestado contra as acusações. “Minha vida se transformou num inferno, com tantas acusações. A Justiça vai descobrir a verdade porque nem eu e nem meu filho temos nada a ver com essa história”, defendeu-se.
Na ocasião, Neide, como é mais conhecida, contradisse a versão apresentada por Denise, que alegou com firmeza acreditar no pleno envolvimento da ex-sogra da filha no sumiço de Jaiane. “Naquele dia (quando a mulher foi vista pela última vez), Jaiane me ligou para encontrar um cartão no mercado. Quando saímos, deixei ela na esquina da rua e segui. No mesmo dia eu tentei entrar em contato com ela. Na terça também, mas nada. Na quarta, fui até a casa dela e falei com Denise para saber se tinha acontecido alguma coisa, foi quando eles deram falta dela”, disse Neide, na época.