29º Salvador, Bahia
previsao diaria
Facebook Instagram
WHATSAPP
Receba notícias no WhatsApp Entre no grupo do MASSA!
Home / Segurança Pública

Tecnologia a favor do mal - 09/12/2025, 07:00 - Vitória Sacramento*

Reconhecimento facial é prato cheio para golpistas enganarem sistemas

Criminosos usam de tudo: desde fotos impressas em alta resolução até deepfakes extremamente realistas

Imagem de reconhecimento facial
Imagem de reconhecimento facial |  Foto: Ilustrativa/Freepik

O reconhecimento facial virou parte da nossa rotina: desbloqueia celular, aprova compras, libera acesso a aplicativos e até substitui senhas. Só que essa facilidade toda também chamou a atenção dos golpistas. E eles estão ficando cada vez melhores em enganar esse tipo de tecnologia.

Mais de 4,2 bilhões de celulares no mundo já usam biometria, e a expectativa é que mais da metade das transações digitais globais passem por algum tipo de identificação biométrica até 2026. No Brasil, a confiança é alta: 73% dos consumidores dizem se sentir mais seguros usando biometria do que senhas. Mas a segurança não é absoluta.

Leia Também:

De acordo com Anchises Moraes, Head de Threat Intelligence da Apura Cyber Intelligence S.A., a popularização da biometria trouxe um novo terreno para os golpistas explorarem.

“A biometria facial se popularizou rapidamente e hoje frequentemente é usada no nosso dia-a-dia, seja para autenticar o morador de um condomínio, o acesso a um prédio comercial ou, principalmente, em vários apps que precisam, em algum momento, verificar a identidade de seu utilizador. Com o uso de ferramentas de IA, os criminosos conseguem criar imagens e vídeos falsos em poucos minutos, que são usados na tentativa de burlar os meios de reconhecimento facial, às vezes, com sucesso.”

Anchises Moraes, Head de Threat Intelligence da Apura Cyber Intelligence S.A.
Anchises Moraes, Head de Threat Intelligence da Apura Cyber Intelligence S.A. | Foto: Arquivo pessoal

Criminosos usam de tudo: desde fotos impressas em alta resolução até deepfakes extremamente realistas. Eles conseguem criar vídeos falsos, máscaras idênticas a rostos humanos e até manipular diretamente a imagem enviada ao sistema, enganando aplicativos bancários, serviços públicos e plataformas financeiras. Essa evolução dos golpes já preocupa empresas de tecnologia no mundo inteiro.

O impacto aparece em números alarmantes. Relatórios apontam que fraudes com inteligência artificial podem gerar prejuízos de até R$ 4,5 bilhões no Brasil até 2025, e o uso de deepfakes cresceu mais de 800%. Um caso recente ocorrido na China ilustra o problema: um funcionário foi enganado por um deepfake que imitava perfeitamente seu chefe em uma chamada de vídeo, o que o levou a transferir US$ 622 mil.

Camadas de proteção

Para tentar conter esse tipo de crime, empresas de cibersegurança estão criando novas camadas de proteção. Hoje, já existem sistemas que analisam não só o rosto, mas também o jeito que a pessoa fala, se movimenta, segura o celular, digita e até a profundidade da imagem, algo que deepfakes ainda lutam para reproduzir. Além disso, alguns aplicativos realizam desafios inesperados, como piscar apenas um olho ou responder perguntas espontâneas, dificultando a ação dos criminosos.

Mesmo com tantas estratégias, o risco continua alto. Para Anchises, investir em tecnologia e atualização constante é indispensável: “As empresas devem investir em tecnologias mais robustas de identificação biométrica, configurá-las adequadamente para garantir a assertividade e, principalmente, testá-las frequentemente, sempre atualizando quando surge uma nova forma de burlar o reconhecimento facial.”

Com o aumento das fraudes digitais, existem algumas medidas que o usuário pode tomar para se proteger: evitar clicar em links suspeitos, não enviar fotos do rosto para desconhecidos, manter aplicativos atualizados e desconfiar de pedidos urgentes de transferência, mesmo quando a pessoa na tela parece real.

*Sob supervisão do editor Anderson Orrico

exclamção leia também