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Inquérito concluído - 28/07/2025, 23:15 - Leilane Teixeira/Portal A TARDE

PM que matou três em Dias D'Ávila estava em surubão com vítimas

Policial militar e amigo são acusados de matar duas mulheres e um homem

Bancário e garotas vítimas do Policial
Bancário e garotas vítimas do Policial |  Foto: Reprodução / Redes Sociais

Cinco meses depois, foi concluído o inquérito que investiga o triplo homicídio que vitimou o bancário Henrique Silva e as garotas de programa Giovanna Vitória, de 18 anos, e Jailma Barbosa da Silva, de 27 anos, em Dias D’Ávila, região metropolitana de Salvador, em março deste ano.

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A reportagem do Grupo A TARDE constatou, de forma exclusiva, que a informação inicial de que estaria acontecendo um “surubão” na casa onde o crime aconteceu procede.

No entanto, diferente das especulações anteriores, o crime foi motivado porque houve desentendimento entre os envolvidos durante a orgia — e não uma descoberta de traição.

Segundo o delegado Euvaldo Costa, titular da 25ª Delegacia Territorial (DT) e responsável pelo caso, durante a orgia, o bancário Henrique teria feito uma brincadeira com o policial acusado, Alisson Santiago dos Santos.

O PM não gostou do tom usado e decidiu matá-lo. Além disso, houve também uma discussão entre o segundo suspeito, Estevão Iury dos Santos, e uma das garotas de programa com quem ele tinha um envolvimento, Giovanna Vitória.

“Tudo aconteceu por motivo banal. O bancário Henrique mantinha uma relação extraconjugal com Jailma. Eles estavam juntos em uma orgia com Giovanna, ambas ‘garotas do job’. Como Giovanna já mantinha uma relação com Estevão, ela decidiu chamá-lo para participar também. O suspeito então foi e levou o amigo, o policial Alisson Santiago, certamente com essa proposta de orgia", revelou ao Portal A TARDE.

No entanto, quando eles chegaram no local, Henrique fez uma brincadeira com o policial, e ele não gostou. Em paralelo a isso, Giovanna e Estevão também se desentenderam, porque ela não gostou da briga que estava acontecendo entre os homens. No meio desses desentendimentos, os ânimos ficaram afloradosEuvaldo Costa, delegado responsável pelo caso

Ainda de acordo com o delegado, após as discussões, os dois decidiram sair da casa, planejaram a execução e retornaram na mesma madrugada para realizarem o crime juntos.

“Eles saíram da casa dizendo que iriam dormir. Mas, na verdade, saíram no carro do policial e tomaram uma moto emprestada em um bar. Estevão então retornou para a casa pilotando a moto e Alisson voltou no carro. Ao chegarem na casa novamente, realizaram a execução dos três e saíram em fuga”, explicou.

Além das duas garotas de programa, havia uma terceira, que decidiu sair para outro encontro em meio às discussões e, por isso, conseguiu sobreviver, tornando-se testemunha-chave do crime. “A sobrevivente foi minha testemunha-chave. Ela presenciou a discussão entre eles, mas saiu na sequência, porque tinha outro programa para fazer”.

Resumo do caso

- Eram três garotas de programa: Giovanna Vitória e Jailma Barbosa (vítimas); Raíssa (sobrevivente).

- Jailma mantinha uma relação frequente com o bancário Henrique e o chamou para a orgia com as outras duas.

- Giovanna já vinha mantendo uma relação frequente com Estevão (suspeito) e decidiu chamá-lo também.

- Estevão aceitou ir e convidou o amigo policial, Alisson, para participar da orgia.

- Ao chegarem na casa, Henrique fez uma brincadeira com Alisson, e o policial não gostou. Iniciou-se então uma discussão.

- No mesmo momento, Giovanna e Estevão também começaram a discutir.

- A terceira garota do job, Raíssa (testemunha), foi embora da casa para outro programa em meio às discussões.

- Com os ânimos à flor da pele por causa das discussões, os amigos Estevão e Alisson saíram da casa para planejarem o crime.

- Foram a um bar, pegaram uma moto e retornaram para realizarem a execução.

Policial Militar suspeito de envolvimento no crime
Policial Militar suspeito de envolvimento no crime | Foto: Reprodução / Redes Sociais

Inquérito

Após a conclusão do inquérito policial, o caso foi encaminhado ao Judiciário. Segundo o delegado, o promotor apresentou denúncia, que foi aceita pela juíza responsável pelo caso. A defesa dos réus teve o prazo de dez dias para apresentar resposta, e agora o processo segue para a fase de instrução.

“O crime foi enquadrado também como feminicídio, mesmo que apenas um dos acusados tenha tido uma relação e executado diretamente uma das mulheres. De acordo com o Ministério Público, o outro réu tinha conhecimento e participou do crime, o que configura coautoria. Por isso, ambos irão responder igualmente pelo feminicídio e homicídio triplamente qualificado”, disse titular da 25ª DT.

Ambos seguem presos preventivamente: o policial está no Batalhão de Choque da Polícia Militar, e Estevão, em um presídio. A expectativa é de que permaneçam detidos até a data do julgamento, podendo ser condenados já ao final da sessão do júri. Segundo o delegado, eles irão a júri popular e podem pegar até 100 anos de prisão.

Considerando que são três vítimas e que cada homicídio é tratado como um crime individual, os réus podem ser condenados a penas que, somadas, ultrapassem 100 anos de prisão.

A pena mínima para o crime de feminicídio varia de 20 a 30 anos por vítima, podendo ser ampliada a depender das qualificadoras e das circunstâncias do crime. “É o que chamamos de crime material. Cada vítima representa um crime distinto, e a pena pode ser somada.”

Relembre o crime

O crime aconteceu na madrugada do dia 07 de março de 2024, na Rua Parque Nossa Senhora de Lourdes, no bairro Imbassaí, em Dias D'Ávila, Região Metropolitana de Salvador.

Henrique Silva Borges dos Santos, Giovanna Vitória Vilela de Melo, 18 anos, e Jailma Barbosa da Silva, 27, foram executadas a tiros. O triplo homicídio ocorreu, por volta das 2h30, dentro de uma residência.

No local, vizinhos contaram à polícia que as mulheres haviam alugado a casa recentemente e que, horas antes do fato, estavam consumindo bebida alcoólica. Nenhuma das vítimas era conhecida na região.

Prisões

Três dias depois do crime, 10 de março, o soldado da PM Alisson Santiago dos Santos foi alvo de um mandado de busca e apreensão, mas não foi encontrado.

No dia 13 do mesmo mês, ele foi preso após se apresentar à polícia na presença de dois advogados. O policial fazia parte do Pelotão Especial (Peto) da 10ª CIPM. Até o dia de hoje, ele segue detido no Batalhão de Choque da PM.

Já Estevão Iury dos Santos, um jovem de 23 anos, foi preso no dia 20 de março. Estevão se apresentou na 25° Delegacia Territorial de Dias D'Ávila na presença do advogado e teve o mandado de prisão cumprido.

O acusado, optou por permanecer em silêncio na maioria do tempo durante o interrogatório. Na sequência, foi submetido aos exames de praxe e está em um presídio.

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