Chegou ao fim o julgamento do Caso Lucas Terra na noite desta quinta-feira (27). Sob os gritos de "assassinos" os pastores Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda foram condenados a 21 anos pelo crimes de homicídio qualificado e mais 1 ano de prisão por ocultação de cadáver, está última prescreve após 4 anos.
Na sentença proferida pela juíza Andrea Teixeira Lima Sarmento Netto, consta que a vítima morreu com sofrimento excessivo e crime praticado por motivo torpe e meio cruel. E ressalta que a prisão dos sacerdotes da Igreja Universal do Reino de Deus só poderá ter início após o trânsito do julgado em todas as esferas. Ou seja, uma decisão que cabe recurso em esferas superiores.
"O recurso não irá prosperar. A certeza quem tem é Deus, mas eu tenho quase certeza de que não irá prosperar pela contundência das provas apresentadas", afirmou o promotor Davi Gallo, representante do Ministério Público e líder da Acusação.
Espera
A sentença veio de forma antecipada em relação à previsão do término do julgamento, marcado para amanhã (28). Contudo, veio com 22 anos de atraso para Marion e Carlos Terra, pais de Lucas. Carlos seque a viu. Morreu em 2019.
"Essa vitória não é só minha nem do Carlos, é de todas as mães da Bahia, da imprensa e de todos que nos apoiaram nessa caminhada. A Justiça prevaleceu", comemorou Marion.
O crime
Lucas Terra, de 14 anos, foi brutalmente assassinado em março de 2001 após um culto na Igreja Universal localizada no bairro da Santa Cruz, em Salvador.
Na ocasião, Lucas foi levado para a igreja do Rio Vermelho pelo então pastor auxiliar Sílvio Roberto Galiza. Foi a última vez que os amigos o viram.
Nesse percurso, ligou para o pai para avisar que dormiria naquela igreja sob o pretexto de um "propósito de oração", como consta nos autos. Foi a última vez que Carlos ouviu a voz do filho.
A partir daí Lucas passou por um calvário. Nos autos consta que ele foi espancado, amarrado, amordaçado, encaixotado e queimado vivo. O corpo dele foi despojado num terreno baldio na Av Vasco da Gama, em Salvador.
Os advogados da Defesa não conversaram com a reportagem até o fechamento desta matéria.