O primeiro dia do ano levou muitas pessoas às praias de Salvador, mas, em uma em especial, os banhistas presenciaram cenas lamentáveis. Na praia de Itapuã, em Salvador, um homem agrediu duas crianças, com o uso de uma sandália.
Registradas por uma pessoa, as imagens rapidamente viralizaram nas redes sociais nesta terça-feira, 3. Após aparecer arremessando uma criança para a areia, além de desferir várias chineladas, o homem, que está sem camisa, já foi identificado e deverá ser ouvido por policiais.
Em nota enviada ao Portal Massa!, a Polícia Civil da Bahia (PC-BA) aponta que o homem, que seria o pai das meninas, deve ser ouvido na Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Contra Criança Adolescente (Derca) de Feira de Santana, na mesma cidade onde a família reside. As crianças também devem depor sobre o caso.
Além disso, o procedimento vai ser enviado para a unidade especializada de Salvador, local em que a brutalidade aconteceu, ainda conforme a corporação. A polícia ainda garantiu que o Conselho Tutelar está em contato com o órgão, para colaborar com a apuração dos fatos.
O Ministério Público da Bahia (MP-BA), por sua vez, comunicou que tem ciência do caso. O órgão ressaltou que o Centro de Apoio Operacional Criminal (CAOCRIM) decretou a propagação do vídeo para uma Promotoria de Justiça para a apuração dos fatos e tomada das medidas cabíveis contra o suspeito.
Perda de guarda? Foi crime? Advogado esclarece
Inquieto sobre o assunto, o Portal Massa! conversou com Carlos Neto, advogado criminalista. Questionado sobre as possíveis consequências do caso, ele garantiu que o homem pode responder por crimes de maus tratos pela intensidade das agressões.
“A forma na qual foi empregado a força do pai o mesmo poderá responder no artigo 136 do Código Penal, que descreve o crime de maus-tratos e considera como ilícito a exposição da vida de pessoa (criança/adolescente/paciente/preso) sob a responsabilidade (autoridade/guarda/vigilância) do agressor, seja para ensino/educação ou tratamento/custódia, por privação de refeições ou cuidados essenciais”.
Carlos ainda reforçou que o homem, que se intitula pai das vítimas, corre o risco de perder a guarda pelo “comportamento que não proporciona a segurança da criança”.
"A delegacia especializada de repressão a crimes contra crianças e adolescentes terá que investigar como o fato ocorreu. Caso venha a ser comprovado atos equiparados ao mesmo da praia . A autoridade policial deverá encaminhar ao ministério público todas as provas e assim o MP denunciar o fato”, explica.
Desculpa ou tem razão?
Em um vídeo publicado nas redes sociais, Angelo Manoel, reconhece o erro, porém acredita que a ação foi gerada por um instante de fúria como modo de educar as crianças.
"Eu errei? Errei! Passei do limite, mas eu não matei as minhas filhas. Elas estão aqui comigo, tudo comigo, sob os meus cuidados. Eu que cuido e levo para escola. Minha vida é baseada nas minhas filhas", diz um trecho. Porém, ele continua a se justificar no vídeo. "Já não aguentava mais reclamar e explodi, estourei, eu errei, mas eu sou um pai e não um monstro, sempre cuidei bem".
As crianças possuem idades de 7 a 10 anos. Uma delas, na cena, é levantada e arremessada ao chão pelo pai. Ainda no vídeo, o pai revela o que uma das filhas comentou com ele após o episódio.
"Ela ainda me disse: 'meu pai, o senhor errou, mas eu te amo. Eu não quero ver o senhor morrer. Eu dependo do senhor para tudo'".
Em contrapartida a repercussão negativa, ele garante que recebeu apoio de algumas pessoas no local. "Muitos ali falaram: 'pai, o senhor tá certo, o senhor passou do limite, mas tem que educar", afirma.