A grande decisão do Campeonato Baiano de 2025 está se aproximando e, assim como acontece em todos os anos, desde 2018, duelos entre os rivais Bahia e Vitória contam apenas com a presença da torcida mandante. Isso acontece por determinações do Ministério Público da Bahia (MP-BA), devido a preocupação pública com a violência que entorna o futebol.
Um dos principais problemas que deixa agentes de segurança em alerta são os confrontos entre torcidas organizadas, com integrantes da Torcida Organizada Bamor, do Bahia, e Torcida Uniformizada Os Imbatíveis, do Vitória, protagonizando episódios criminosos e, por vezes, respingando até em inocentes.
Entre os casos graves nos últimos anos, destacam-se alguns como o ataque da Bamor contra a delegação do próprio Bahia em 2022, quando torcedores prepararam uma emboscada para o ônibus do clube e atiraram artefatos explosivos pelas janelas do veículo. A explosão danificou vidros e os estilhaços atingiram os atletas, sendo o goleiro Danilo Fernandes, ainda parte do elenco tricolor, o mais atingido.
Outro grave episódio aconteceu também naquele ano, quando um grupo de integrantes da TUI cercou um motociclista e o agrediu brutalmente. O homem utilizava uma camisa de um time de futebol de Itamaraju, o que fez os agressores confundirem a vítima com um torcedor do Paysandu, que era adversário do Leão na ocasião. Reinaldo Silva da Rocha, de 21 anos, depois se declarou como torcedor do Vitória e, por pouco, escapou de algo ainda pior.
E o que fazer para combater esses crimes? O Portal MASSA! procurou o Ministério Público, principal órgão, além da Polícia Militar (PM-BA), envolvido no combate à violência do futebol, para tentar entender como coibir essas práticas delituosas.
Resposta das autoridades
À reportagem, o MP afirmou que, em conjunto com as Polícias Civil e Militar, bem como com os clubes de futebol, discute estratégias para prevenir e combater a violência nos estádios.
De acordo com a promotora de Justiça Thelma Leal, coordenadora do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça do Consumidor (Ceacon), algumas medidas são importantes, como:
- Ações educativas e a ampla divulgação da Lei Geral do Esporte, inclusive a Polícia Militar em parceria com o Ministério Público da Bahia tem o 'Projeto Torcedor Consciente', com objetivo conscientizar os torcedores sobre a importância da sua colaboração, enquanto agentes de promoção e manutenção da paz nas praças esportivas do estado;
- A utilização da tecnologia, como, por exemplo, a existência de biometria facial nas arenas esportivas, bem como a existência de videomonitoramento na arena esportiva e no entorno;
- Confecção de laudos técnicos de segurança e vistoria;
- Capacitação e treinamento de agentes de segurança, com a realização de estudo de caso, simulação de controle de distúrbios e escoltas;
- Produção de relatórios de inteligência, pesquisa de campo para medir grau de risco e prevenir ações violentas futuras;
- Identificar torcidas organizadas que atuam como verdadeiras facções criminosas;
- Identificação e punição dos envolvidos nos confrontos;
- Criação do cadastro nacional de torcedores suspensos ou impedidos de frequentarem eventos esportivos, com o desenvolvimento de fluxo procedimental próprio, no âmbito do Poder Judiciário;
Além disso, o órgão afirma estar "articulando um grande acordo, com envolvimento dos órgãos de segurança, dos clubes, órgãos municipais, dentre outros, para resolver, inicialmente, a questão do entorno dos estádios e estações de transbordo. Com isso, acredita-se que será possível caminhar para uma melhor atuação da Polícia em locais onde ocorrem os atos de violência".
Constantemente, o Ministério Público faz discussões com os clubes e a polícia sobre a possibilidade do retorno de torcida mista ao clássico. Apesar da ideia ter sido encarada positivamente pelas partes em 2025, o debate segue em meio a casos de violência entre torcedores, o que acaba freando a implementação de novas estratégias de segurança.
Dupla Ba-Vi
O MASSA! também procurou Bahia e Vitória para tratar sobre os casos de violência envolvendo torcedores, mas os clubes não se posicionaram. O espaço segue aberto para pronunciamentos posteriores.
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