O 'Escândalo do Pix', da Record Bahia, ainda rende pano para manga. Não poderia ser diferente. O golpe aplicado em telespectadores da TV por meio do envio de doações via Pix tinha o apelo de pessoas em fragilidade social como pano de fundo. Um escárnio com o jornalismo baiano que, segundo o apresentador Zé Eduardo, "já vai acabar essa semana" e com as prisões do repórter Marcelo Castro e do produtor Jamerson Oliveira, dupla já demitida da emissora.
A declaração de Bocão aconteceu durante participação na quinta-feira (27) no podcast 'Canal Black', do ex-jogador Preto Casagrande. "Rapaz... Pelo que vi o delegado que está no inquérito é número 1. Pelo que vi, ele vai pedir a prisão deles (Marcelo e Jamerson) e de mais dez. Porque ele (Marcelo) armou um circo grande para (o dinheiro) ir caindo em contas. Quem caiu na conta ali, (a polícia) vai pegar, meu irmão", afirmou.
Os jornalistas Marcelo Castro e Jamerson Oliveira são investigados pela Polícia Civil por envolvimento no caso e apontados pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Estelionato por Meio Eletrônico (DreofCiber) como articuladores do esquema. Zé disse ainda que Marcelo "se encantou e foi todo" com uma vida de luxo a qual Jamerson também estaria desfrutando. "Eles se encantaram com Mercedes, whisky, combo, o cacete a quatro", disse em tom de lamentação.
"E não posso nem dizer que ele (Marcelo) não tem berço. Tem. A mãe de ele é uma mulher séria, batalhadora. O pai dele, um homem sério, conheço, batalhador. O outro menino (Jamerson) também, o pai batalhador. Um guerreiro. Tem um restaurante ali na Ladeira da Água Brusca", complementou.
Interlocutores do Portal MASSA! afirmaram que o restaurante pertencente ao pai de Jamerson foi fechado com a repercussão do caso. Ainda não se sabe se de forma permanente ou "até a poeira baixar". Supostamente "o pessoal do bairro estava revoltado. Volta e meia passava alguém xingando ou falando do Pix".
A descoberta
O âncora do Balanço Geral narrou que foi alertado pelo empresário do jogador Anderson Talisca de que algo estaria errado com a chave Pix divulgada no programa para doação de dinheiro para uma criança que lutava contra o câncer.
"Talisca liga para Márcio (empresário do jogador) e diz que quer botar R$ 70 mil na conta da criança. Aquela criança tinha dias para morrer, poderia botar R$ 10 bilhões que ela não ia sobreviver. Márcio me liga e diz que Talisca queria dar R$ 70 mil. Eu falei 'maravilha, oh o Pix aí'", contou.
Segundo Bocão, o empresário informou que o valor acabou sendo transferido diretamente para a mãe da criança. No entanto, mesmo assim, ele avisou que a chave Pix divulgada não coincidia com a da mãe da menina.
"Quando acaba o programa, Guto (irmão de Zé Eduardo) me liga: 'Márcio quer te falar que o Pix que está não é da mãe da criança'. Eu falei: 'Tá maluco? Marcelo Castro, Jamerson lá em cima. Pix se erra, tchau, abraço, tenho mais o que fazer'. No dia seguinte Guto insistiu e Márcio me disse: 'Boca, golpe violento. Eu botei um centavo naquele Pix e caiu no nome de um rifeiro'", narrou.
"Peguei o telefone na hora e liguei para o diretor de jornalismo (Gustavo Orlandi) e para a chefe de redação (Sheron Monalisa). No outro dia fomos bater o Pix de todos os programas que ele fez e não batia um. O negócio é de uns outros meses atrás", complementou.
A Polícia Civil divulgou no início deste mês que as investigações partem de novembro de 2022, embora o delegado responsável pelo caso acredite que houve outros casos antes do período recortado pela investigação. À aquela altura a Polícia trabalhava com a identificação de vítimas e fazia apelo para que elas se apresentassem à delegacia para prestar queixa.
Até o fechamento desta matéria, os advogados de Marcelo Castro e Jamerson Oliveira não foram encontrados para contar a situação atual dos clientes deles, assim como versão deles para o que foi afirmado pelo apresentador Zé Eduardo.
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