
Muitas pessoas vêm notando um aumento no número de feminicídios nos noticiários. Isso não é por acaso e se deve a maior repercussão e ao fortalecimento do combate a esses casos em comparação às últimas décadas.
Para ampliar ainda mais a conscientização sobre esse crime hediondo, a Polícia Civil da Bahia, por meio do Departamento de Proteção à Mulher, Cidadania e Pessoas Vulneráveis (DPMCV), promove, ao longo do mês de março, uma série de ações voltadas ao enfrentamento da violência contra a mulher.
A diretora do DPMCV, a delegada Patrícia Barreto, explicou ao Portal MASSA! a importância da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) não só para o combate aos criminosos, mas também para prevenir e conscientizar mulheres que, muitas vezes, passam por situações de abuso e violência — tanto física quanto psicológica — sem sequer perceber.
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“As DEAMs atuam com o binômio de prevenção e repressão. Se a gente não leva informação e não explica às mulheres como identificar que estão vivendo uma situação de violência”, iniciou a delegada.
Muitas vezes elas nem sabem que precisam de ajuda
Delegada Patrícia Barreto

Ela também ressaltou que, durante o mês de março, há uma ação de psicoeducação ativa em toda a rede de enfrentamento, enquanto as unidades reforçam o cumprimento de mandados de prisão e medidas protetivas de urgência. “Nós estamos fomentando, nas nossas unidades, uma atuação mais efetiva nesses casos”, complementou Patrícia Barreto.
Segundo dados obtidos pelo MASSA!, a Polícia Civil registrou 790 casos de feminicídio entre 2017 e 2024. A maioria das vítimas eram mulheres negras, entre 30 e 49 anos, e com um parceiro íntimo.
Os números também mostram que houve uma redução nos casos em 2024, em relação a 2023 — de 115 para 111 mortes relacionadas ao feminicídio —, representando uma queda de 3,5%. Entre os crimes registrados, 45,5% envolveram o uso de armas brancas, 26,3% armas de fogo, 8,1% objetos contundentes, e 20,2% outros meios.
Em 2024, 4.641 boletins de ocorrência foram registrados na Casa da Mulher Brasileira. A delegada Patrícia Barreto reforça que a forma mais eficaz de combater o feminicídio é por meio da denúncia.
Ela reconhece o medo que muitas mulheres têm ao denunciar seus agressores, mas enfatiza que a Justiça garante sigilo, proteção e assistência, inclusive psicológica, durante todo o processo.
O processo corre em sigilo. Nosso protocolo em todo o trâmite também segue essa regra. Temos, inclusive, buscado modificar a estrutura arquitetônica de nossas unidades para garantir a confidencialidade e a privacidade dessas mulheres. De forma geral, apenas as partes envolvidas têm acesso aos autos
Delegada Patrícia Barreto
Por fim, Patrícia Barreto ressaltou a complexidade da decisão de denunciar, já que a violência, muitas vezes, vem de relações de afeto.
“O medo é natural. A violência contra a mulher, na maioria das vezes, parte de alguém que ela ama ou já amou. Não é uma decisão fácil, ainda mais quando ela não conta com o apoio da família ou dos próprios filhos para enfrentar esse processo. Por isso, existe uma rede de proteção. A polícia atua na responsabilização do agressor, mas há diversos equipamentos com responsabilidade legal de cuidar dessa mulher, garantindo toda assistência jurídica, psicológica e emocional para que ela tenha condições de seguir adiante”, concluiu.