Após as considerações do Ministério Público, a Defesa iniciou a sustentação oral no júri do caso Lucas Terra com foco total em descredibilizar o depoimento de Silvio Roberto Galiza, o ex-pastor auxiliar da Igreja Universal, condenado pelo assassinato do adolescente de 14 anos.
O advogado Carlos Humberto Fauaze Filho, assim como o líder do MP, Davi Gallo, exibiu o vídeo no qual Galiza acusa os pastores Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda. A cada ponto falado por Galiza, Fauaze parou o vídeo e comentou. Tal qual um YouTuber reagindo ao vivo e à cores no meio do plenário do Fórum Ruy Barbosa.
"Sílvio Galiza está solto. Há anos. Por que ele não está aqui hoje? Por que o Ministério Público não requisitou a presença dele aqui? Parte da premissa de que Galiza é incontrolável. Não se sabe o que ele pode dizer. E se ele atacar um integrante do MP? Já pensou? Por isso que ele não está aqui. Será?", conjecturou o causídico.
Fauaze questionou ainda o motivo para a testemunha da Defesa pega em contradição, pastor Beljair da Silva Santos, não estar no banco dos réus junto com os ex-superiores dele em 2001.
"Por que o pastor Beljair não foi acusado? Ele teria mandado parar as buscas. Não tô acusando, é o que disseram os testemunhos. Mas a Acusação não tem provas, tem convicção. E a convicção do MP está no que esse energúmeno (Sílvio Galiza) fala. Como ele não falou o nome do pastor Beljair, então Beljair não está aqui", discorreu.
A Defesa usa a premissa da verdade e da certeza para tentar inocentar os réus. Fauaze Filho e Nestor Távora tentam fazer o júri acreditar que as testemunhas da Acusação estão convictas na condenação baseado no que Galiza disse e nada, além disso. Ou seja, sem materialidade de provas.
Fauaze disse ainda que poderia ter pedido à juíza Andrea Teixeira Lima Sarmento Netto, a imputabilidade de falso testemunho a uma das testemunhas da Acusação logo no primeiro dia do julgamento, mas não o fez mesmo "quando ela disse ter certeza da motivação do crime por causa de um ato sexual que sequer foi mencionado durante o julgamento".
Vale ressaltar que ao contrário da afirmação do mestre em Direito Civil e professor universitário há uma década e meia, a motivação do crime por um "flagrante" de ato sexual dentro da igreja praticado pelos réus foi levantada durante todo o processo e questionada às 15 testemunhas arroladas pelas partes.
O Ministério Público afirmou que a Defesa teve acesso à lista das testemunhas arroladas antes de escolher as dez testemunhas que falaram a favor dos pastores. "Por que não arrolaram Galiza, então?", questionou Davi Gallo.