Os investigadores da delegacia de Dias D'Ávila, na Região Metropolitana de Salvador, conseguiram a confissão dos três suspeitos de participação no desaparecimento, morte e ocultação do cadáver da cantora gospel Sara Mariano.
O depoimento que o Portal A TARDE teve acesso, traça todos os passos dados por Weslen Pablo Correia de Jesus, conhecido como Bispo Zadoque, Victor Gabriel Oliveira Neves e Gideão Duarte de Lima desde o planejamento até a execução do crime cometido, segundo o documento, no dia 24 de outubro, mesma noite em que a cantora gospel desapareceu.
Depoimento do Bispo Zadoque
Segundo o Bispo Zadoque, ele e Victor participaram desde o início do planejamento e execução do crime. Ederlan Mariano, marido de Sara Mariano, teria sido o mentor do assassinato. A motivação não foi informada.
De acordo com Zadoque, Ederlan pagou R$ 2 mil pela morte. O valor foi dividido entre 4 pessoas: Gideão, motorista de aplicativo responsável por pegar Sara em casa e levar até o local da morte recebeu R$ 400,00. Victor, que teria segurado os braços da vítima, recebeu R$ 500. Zadoque ficou com R$ 900,00. E um quarto suspeito, que não participou do crime, mas teria conhecimento de toda ação, recebeu R$ 200,00 para permanecer calado. Esse suspeito seria um cantor da igreja onde todos frequentavam.
Ainda de acordo com Zadoque, a promessa de Ederlan era pagar mais R$ 15 mil para o grupo. O valor seria uma quantia que Sara Mariano teria recebido pelas participações em shows e eventos. Ederlan iria ter acesso ao dinheiro após a confirmação da morte da esposa. Zadoque também confessou participação na ocultação do cadáver que foi deixado em um matagal às margens da BA-093. A gasolina utilizada para tentar destruir o corpo, segundo o suspeito, foi comprada por Gideão um dia após o crime.
Depoimento de Victor
Assim como Zadoque, Victor também confessou participação no planejamento, execução e ocultação do cadáver de Sara Mariano. No depoimento prestado na tarde desta quinta-feira, 16, Victor disse que Gideão levou ele e Zadoque para o local do crime e, logo em seguida, foi buscar Sara na casa da vítima, na Valéria, em Salvador.
Na BA-093, Gideão fingiu que o carro apresentou uma falha mecânica e parou o veículo às margens da rodovia. No local, ele e Zadoque abordaram Sara. O bispo, sozinho, levou a vítima para o matagal. Ainda de acordo com Victor, Sara entrou em luta corporal com Zadoque e começou a gritar. Victor informou que foi ao local e segurou os braços de Sara, foi quando o religioso desferiu golpes de faca que teriam provocado a morte da cantora.
Após o assassinato, os dois retornaram para o veículo, trocaram de roupa, e foram para a casa de Ederlan, onde entregaram o celular da vítima e receberam o dinheiro. Ainda de acordo com Victor, dois dias depois eles voltaram a se encontrar para ocultar o cadáver. A ordem teria sido feita por Ederlan após o desaparecimento ganhar repercussão na imprensa.
Depoimento de Gideão
Diferente de Zadoque e Victor, Gideão disse em depoimento que soube que iria participar do assassinato de Sara Mariano no dia do crime. De acordo com o motorista, Zadoque fez o convite e ele aceitou. O motorista fez o transporte de Zadoque e Victor até o local do crime e depois foi buscar Sara, em Valéria. Ele confirmou que fingiu uma pane mecânica no veículo e pediu para que a vítima descesse do carro, momento em que ela foi abordada por Zadoque e Victor. Ele nega participação direta no assassinato.
Após a morte, eles foram para a casa de Ederlan, em Valéria. Zadoque entregou o celular de Sara para Ederlan e Zadoque entregou o dinheiro para ele. Após sair de Valéria, eles foram até a rodoviária de Salvador e pegaram o quarto suspeito, que seria o cantor da igreja. Ele também não teria participação direta no assassinato, mas sabia do crime. Os quatro foram para a cidade de Camaçari, na Região Metropolitana. No caminho, Zadoque teria ordenado que eles parassem no local do crime para certificar que Sara estaria morta. Logo em seguida, ele deixou todos em um condomínio e seguiu para casa. Também devolveu o carro que pegou emprestado.
Gideão confirma que no dia 26 de outubro, ele, Victor e Zadoque retornaram ao local do crime para tentar ocultar o cadáver. Eles compraram gasolina e Zadoque, na companhia de Victor tentou incendiar o corpo. Gideão nega que tenha participado do ato. Após a tentativa frustrada de ocultação, eles deixaram o local.
Investigação:
Após investigação da Polícia Civil, o Ministério Público solicitou e a Justiça acatou as prisões de Ederlan Mariano, Bispo Zadoque e Gideão Duarte. Mesmo confessando o crime, Victor Gabriel prestou depoimento, mas foi liberado. Ainda não existe um pedido de prisão para ele. Ederlan aguarda o resultado das investigações preso no Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador. Ele não assumiu ser o mentor do assassinato.
Uma fonte do Portal A Tarde informou que o quinto suspeito deve prestar depoimento nos próximos dias. A polícia quer saber se existem outros envolvidos de forma direta ou indireta no crime. A expectativa da Polícia Civil é de que outros nomes possam surgir e devam comparecer na delegacia.