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Caso concluído - 11/08/2023, 12:36 - Anderson Orrico - Atualizado em 11/08/2023, 15:17

Bomba: 'Assalto de brincadeira' teria motivado morte de jovem cigana

Polícia Civil conclui investigação sobre tragédia com Hyara Flor; cunhado de 9 anos foi o autor do disparo

Marido de Hyara segue apreendido no Espírito Santo
Marido de Hyara segue apreendido no Espírito Santo |  Foto: Reprodução/Redes Sociais

A morte da cigana Hyara Flor, de 14 anos, não foi premeditada e o disparo ocorreu após uma fatalidade. É o que indica as investigações da Polícia Civil, que foram concluídas na quinta-feira (10), e o relatório final foi enviado para o Poder Judiciário e Ministério Público. Conforme o inquérito, o cunhado da jovem, uma criança de 9 anos, foi quem cometeu o disparo. O menino foi ouvido na semana passada, na presença de três delegados e de uma representante do Ministério Público da Infância e Juventude, e explicou como tudo aconteceu. Segundo o garoto, ele e a vítima estavam no quarto brincando, e Hyara teria dado a arma a ele e dito que era para fingir que estava a assaltando.

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Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (11), o coordenador da 23ª Coorpin de Eunápolis, Paulo Henrique de Oliveira, e o delegado titular da Delegacia Territorial (DT) de Guaratinga, Robson Andrade, detalharam o caso.

“Na hora da brincadeira, a arma estava carregada e ao manusear o objeto, o cunhado da vítima pressionou o gatilho e efetuou o disparo. Após isso, o menor disse que a arma caiu e o irmão, esposo da vítima, que estava em outro cômodo e correu na hora que ouviu tiro, pegou o revólver, tirou as balas e colocou em cima da penteadeira. A criança saiu do local e foi para a rua com a mão na cabeça e gritando que havia matado a vítima. Daí as pessoas começaram a entrar no imóvel”, explicou Paulo Henrique de Oliveira.

Bala alojada

Ainda de acordo com o coordenador da Coorpin, o laudo da necropsia mostrou que a entrada da bala se deu pela região do pescoço e ficou alojada na vértebra cervical. “O menor que foi apreendido mede de 1,80 a 1,85 metros, e embora tenha 14 anos, ele é bastante alto. O que também é elemento de prova após perícia realizada de que ele não foi o responsável pelo disparo”, esclarece.

O delegado Robson descartou a informação que viralizou nas redes sociais de que o crime teria sido premeditado. Segundo ele, não existiu a suposta traição familiar, nem foi comprovado que a vítima sofria violência doméstica, pois os vídeos do casamento e outros publicados em rede social, além de fotos do casal mostravam que eles viviam em plena harmonia.

“Após receberem os disparos de arma de fogo contra a residência que moravam, saíram da cidade sentindo a zona rural de Guaratinga, onde abasteceram o veículo no posto de gasolina, deixando até o cartão do filho mais velho como garantia porque esqueceram até qual era a senha. No laudo da necropsia não há nenhum sinal de violência interna ou externa”, revelou.

Sogra e tio são indiciados

A arma do crime pertencia à sogra de Hyara. Ela admitiu, em depoimento, que o revólver foi deixado na casa da adolescente porque ela precisava viajar para uma outra cidade e não podia deixar lá por causa das crianças. A mulher foi indiciada por homicídio culposo e porte ilegal de arma de fogo. egundo Paulo Henrique de Oliveira, a Polícia Civil entendeu não haver a necessidade de representação pela prisão cautelar da mulher, razão pela qual foi remetido apenas o indiciamento.

No dia do crime, o DPT esteve na casa e, após perícia, também constatou que após dez minutos do disparo contra a vítima, foram dados dois tiros de fora para dentro do imóvel. De acordo com Paulo Oliveira, os projetis são de calibre 9mm, já o que matou Hyara é de calibre 380. A polícia comprovou que os tiros foram dados pelo tio da vítima para vingar a sua morte e que ele foi indiciado pelo crime de disparo de arma de fogo.

Destino do marido e do cunhado de 9 anos

De acordo com Andrade, um tio da vítima, que estava no local na hora do disparo junto com o sogro de Hyara, relatou que ao chegar no quarto, viu o marido da cigana com a arma na mão, razão pela qual foi solicitada a internação do menor.

O marido de Hyara continua recluso em uma unidade educativa no estado do Espírito Santo e, de acordo com Paulo Henrique de Oliveira, a soltura fica a cargo do Ministério Público, que vai avaliar o inquérito para tomar as decisões futuras.

Já sobre a criança de 9 anos que efetuou o disparo, o coordenador da Coorpin explicou que no ordenamento jurídico a criança não responde por crime.

“Um menor responde por ato infracional análogo a algum crime tipificado no código penal ou qualquer outra lei extravagante, desde que tenha entre 12 e 17 anos. Crianças de 11 anos para baixo não respondem por crimes. Embora possa ter algum tipo de intervenção administrativa, talvez pelo Conselho Tutelar ou pelo próprio Ministério Público. Mas em relação à competência criminal e de competência vinculada à Polícia Civil, não há nenhuma responsabilidade criminal e jurídica vinculada a essa criança”, finalizou.

Investigação

O delegado Robson Andrade contou como foi realizado todo o processo desde o dia da morte de Hyara, até a finalização das investigações. Segundo ele, os policiais envolvidos no caso saiu em busca da família do esposo da vítima em três estados, e após encontrá-lo, puderam então confirmar as versões contadas por outros familiares durante os depoimentos.

“No dia do crime, chegamos no local com a equipe, preservamos o local e pegamos a arma no interior do quarto do casal. Foi muita dificuldade para fazer o B.O porque não tínhamos nome das crianças, nem os documentos de ninguém. Só no outro dia que conseguimos as documentações e finalizamos o boletim. No mesmo dia, à noite, a família do adolescente já havia saído da cidade. Então começamos com polícias em campo na Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo para detê-los. Em uma oitiva, uma testemunha que reside na frente do imóvel onde aconteceu o fato, disse ter ouvido o tiro e quando saiu viu uma criança saindo do interior da casa dizendo “pai, eu matei Hyara, me mata”, revelou.

“Depois fomos pegando outros depoimentos, arrecadamos as câmeras das ruas onde realmente dá pra ver o menor saindo da residência, o sogro, o rio e outras pessoas correndo para dar socorro à vítima. Logo após a apreensão do adolescente no Espírito Santo, nós fomos ouvir a família em Teixeira de Freitas para salvaguardar a todos. Ouvimos as quatro pessoas, fizemos coleta de material biológico do DNA para confronto do que foi arrecadado na arma. depois ouvimos uma testemunha que disse que na hora do fato o esposo da vítima estava com ele na casa do sogro e que após ouvir o disparo, foi em direção à casa”, completou.

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