Na largada do segundo dia do júri popular do Caso Lucas Terra, nesta quarta-feira (26), os ânimos do tribunal foram exaltados pelas afirmações da primeira testemunha ouvida. O bispo da Igreja Universal Jadson Edington, lotado na igreja da Pituba em 2001 e atualmente no Templo de Salomão, em São Paulo-SP, afirmou que a instituição garante a inocência dos réus.
"Nós temos total convicção na inocência dos pastores Fernando e Jadson. Temos mais de 800 igrejas na Bahia, mais de mil pastores. Que credibilidade teríamos se não puníssemos pastores que erram?", afirmou com veemência.
Ele afirmou ainda que a base da acusação de Silvio Galiza, condenado pelo assassinato do adolescente Lucas Terra, contra os pastores Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda era o rancor.
"Ele havia sido punido pelos pastores Jadson e Fernando. Posteriormente expulso da Igreja Universal por levar um adolescente para dormir com ele na igreja", pontuou.
Como você sabe?
O promotor Ariomar Figueiredo questionou a veemência do pastor, por não haver possibilidade dele estar presente 24h na vida dos réus. A resposta do bispo causou 'reboliço' na sala: "Eu quero saber qual a prova do senhor contra esses dois".
Os ânimos acalorados no tribunal levaram o bispo a recuar e confirmar que é humanamente impossível garantir o controle total sobre as ações dos pastores, embora tenha insistido em outro ponto.
"Posso garantir por esses dois (Joel e Fernando) entre 9h e 22h. Depois disso, temos contato com as esposas. Se os maridos chegam tarde em casa, as esposa ligam para a igreja. Elas nos comunicam sobre qualquer desvio", explicou.
A declaração foi o estopim para novas discussões entre advogados e reações da platéia. Para controlar os ânimos foi necessária a intervenção da juíza Andrea Teixeira Lima Sarmento Netto. "Se continuar dessa forma, vou ter que esvaziar a sala. E peço às partes que se contenham e sejam objetivos nas perguntas".
O crime
Os pastores são acusados de matar e ocultar o cadáver de Lucas Terra, um adolescente de 14 anos que frequentava a Igreja Universal no bairro da Santa Cruz. O pastor-auxiliar, Sílvio Galiza, foi condenado pelo crime. Foi ele quem levou o garoto à igreja do Rio Vermelho, onde Lucas teria visto uma relação sexual entre os pastores Joel e Fernando. Consta nos autos que a ocultação desse fato teria motivado o crime.