Além de ter sido agredida na frente dos dois filhos autistas, a dona-de-casa Ana Cláudia Falcão Rodrigues, 46 anos, também teve o desprazer de ter a solicitação de registro do Boletim de Ocorrência (B.O) negada pelo escrivão que a atendeu, na 3ª Delegacia, localizada no Bonfim, em Salvador.
A informação foi passada à reportagem do Portal Massa! pelo advogado de Ana Cláudia, Bruno Moura, na noite desta terça-feira (2). "Depois da ocorrência, ela me disse que foi conduzida por policiais militares para a 3ª Delegacia, junto com a agressora, mas ao entrar na sala o escrivão pediu que ela se retirasse e não fez o registro", disse ele.
Bruno Moura ainda informou que a agressora, de identidade ainda ignorada, foi atendida pelo mesmo servidor e ele teria feito o registro da ocorrência solicitado por ela. "Amanhã vou à delegacia apurar o que aconteceu, mas independente da justificativa deles, vou levar o caso à Corregedoria da Polícia Civil", disse Bruno Moura.
O Portal Massa! entrou em contato com a Polícia Civil, mas até a publicação desta matéria não havia obtido retorno. O espaço também está aberto para a mulher acusada das agressões, caso queira se manifestar.
Entenda o caso
Ana Cláudia, mãe de duas crianças com transtorno do espectro autista, acusa uma mulher de agressão, dentro de um ônibus, em Salvador. As imagens mostram a mãe das crianças sendo empurrada por uma passageira que estava sentado na cadeira amarela, que é prioritária no transporte público.
A confusão foi registrada na manhã desta terça-feira (2) e, além do empurrão, o vídeo mostra a mulher levando um soco no rosto. As agressões aconteceram na frente dos dois filhos de Ana Cláudia. A família estava seguindo para o Parque da Cidade, local onde aconteceria um encontro que celebra o Dia de Conscientização do Autismo.
Segundo Ana Cláudia, em entrevista para o Portal A Tarde, quando ela, o marido e os filhos entraram no coletivo, o veículo estava cheio, mas não completamente. A agressora estava ocupando um lugar no banco reservado para prioridades, e então o esposo de Ana Cláudia sentou no espaço livre, com a filha no colo, enquanto ela ficou em outro lugar.
“Os passageiros do ônibus então começaram a comentar: ‘Que absurdo’, começaram a falar alto… Aí falaram: ‘Vá lá que ela vai levantar’. Eu levantei e fiquei em pé ao lado do banco onde a mulher estava,, mas ela não levantou; quem levantou foi meu esposo”, relatou .
“Aí eu sentei do lado dela, e ela colocou o dedo na minha cara e ficou gritando: ‘Você sabe com quem você está falando?’. Depois ela me agarrou e começou a me agredir. E ela repetindo: ‘Você não sabe com quem está mexendo, você não sabe o que vai acontecer com você’. Ela também falou: ‘Eu sento aqui todo dia e é aqui que vou ficar. Ninguém vai me tirar’”, acrescentou Ana Cláudia.