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Mira da Justiça - 19/04/2023, 13:44 - Anderson Orrico

Acusada de participar de chacina de motoristas de app é julgada

Benjamim Franco da Silva Santos, conhecida como Amanda, vai a julgamento no Fórum Ruy Barbosa

Começou na manhã desta quarta-feira (19), no Fórum Ruy Barbosa, o julgamento de Benjamim Franco da Silva Santos, conhecida como Amanda, acusada de ter participado da chacina dos motoristas de aplicativos em dezembro de 2019, no bairro do Jardim Santo Inácio, em Salvador. Por volta das 9h30, a sessão do júri, conduzida pela juíza Andrea Teixeira Lima Sacramento Netto, teve início com a participação de quatro testemunhas de acusação, incluindo Nivaldo dos Santos Vieira, uma das vítimas que sobreviveu aos ataques.

A primeira a ser ouvida pela promotora de justiça Mirella Barros foi Paula Bispo da Conceição, esposa de Genivaldo da Silva Felix, um dos assassinados na ação criminosa. Ela afirmou que o marido não trabalhava à noite por medo da violência, mas que mesmo assim não foi suficiente para se salvar.

De acordo com Paula, o marido saiu às 4h30 para trabalhar e depois disso só recebeu as ligações da seguradora informando que o carro, que estava em nome dela, foi encontrado no pedágio. “Naquela manhã tentei falar com ele três vezes, mas não consegui. Logo depois a seguradora ligou dizendo que havia encontrado o meu carro e aí eu disse que era engano. Eu achava que era trote. Na terceira vez que ligou eu ouvi tudo que falou e ainda achei que era engano. Quando falei ao meu filho e ele retornou a ligação para a seguradora, confirmaram que o carro estava no pedágio. Ele só queria saber do pai, mas já era tarde”, contou emocionada.

Logo depois foi a vez de Joelma Santos Nunes, companheira de Alisson Silva Damaceno, que revelou ter ficado preocupada por ele ter saído tão cedo. “Quando acordei tinha uma mensagem dele às 5h dizendo que ia sair pra rodar porque a cama sem mim ficava vazia. Quando vi, fiquei preocupada porque aquele horário era perigoso. Comecei a ligar pra ele, mas não atendia e também não chegou para tomar café. Fiquei muito preocupada, liguei pra prima dele olhar em casa, mas também não estava. Foi quando vi o ocorrido pela televisão e reconheci o carro dele. Eu só gritava e chorava”, detalhou.

Imagem ilustrativa da imagem Acusada de participar de chacina de motoristas de app é julgada
Foto: Olga Leiria / Ag A Tarde

Um dos depoimentos mais importantes foi o de Nivaldo, que conseguiu se livrar dos criminosos e contou com detalhes tudo que presenciou no dia da chacina. “Eles me chamaram no aplicativo 99pop por volta das 5h30 e quando eu cheguei na entrada da rua mandei uma mensagem falando que não entraria por questão de segurança. De longe deu pra ver que eram um homossexual e um travesti por conta das roupas. Eles meteram a mão na maçaneta, mas estava travado, eu confirmei a identidade de quem chamou e eles entraram. O travesti colocou a pistola no meu olho e o outro no pescoço. Me deram algumas coronhadas na cabeça, me xingaram e mandaram eu andar”, revelou.

Nivaldo disse também que quando foi levado para o "barraco" viu muitas marcas de sangue. Ao chegar no local, ele percebeu um corpo com o saco na cabeça e com marcas de tortura, o que o deixou em pânico. Segundo o motorista de app, a partir dali entendeu que não queriam somente roubar e que os criminosos, incluindo a Amanda, a todo momento falavam que por ser sexta-feira 13, tudo tinha te ser com "requintes de crueldade".

“A Amanda pedia que a gente olhasse para o rosto dela e sorria. Ela tinha certeza que todos nós iríamos morrer. Ela me dizia que eu era uma pessoa ruim e dizia que iríamos nos encontrar no inferno. Eu comecei a chorar dizendo que tinha filhos e mãe doente pra deixar eu ir embora, mas ela dizia que eu ia morrer sim”, disse aos prantos.

A última a ser ouvida foi Amanda, que negou ter participado da ação e reforçou que foi lá apenas porque foi convocada para uma conversa já que o "marido" estava preso e com dívidas de drogas com Jeferson, suposto chefe da quadrilha e também participante da chacina.

Imagem ilustrativa da imagem Acusada de participar de chacina de motoristas de app é julgada
Foto: Olga Leiria / Ag A Tarde

“Jeferson determinou que iríamos roubar um carro para vender e pagar a dívida. Eu perguntei o que ele ia fazer com as vítimas porque não sabia dirigir. Ele disse que chegando lá resolvia. Perguntei a ele se ia matar e ele disse que não. Se eu soubesse que ia matar não concordaria porque não sou assassina”, afirmou.

Amanda disse que se apresentou à delegacia por livre e espontânea vontade, mas que foi coagida por um delegado a assumir participação no crime. Segundo seu depoimento, ela teria saído do barraco depois do segundo motorista e a única coisa que fez foi ir no carro pegar as vítimas.

“Hoje eu durmo a base de remédio porque tenho muito pesadelo depois de tudo aquilo que eu vivi. Participei apenas de duas buscas de motoristas para não morrer”, contou.

Os setes jurados sorteados para participar do julgamento ouviram tudo atentamente, sem fazer nenhuma pergunta para avaliar depois e dar o veredito à juíza.

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