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Somzeira pro São João - 14/06/2024, 07:00 - Artur Soares*

Júlio César, o Imperador do Forró, revela os segredos da sanfona

Cantor lançou novo hit para o Sanju deste ano

Forrozeiro Júlior César
Forrozeiro Júlior César |  Foto: Fabio Bouzas / Divulgação

É quase um consenso que não existe forró sem sanfona. E quando o assunto é esse instrumento musical, o sanfoneiro Júlio César é imperador. O músico se apresentou em Salvador no último sábado (8), para o lançamento da canção Quem Manda em Mim Sou Eu. A produção é a aposta de Júlio para o período do São João e promete fazer todo mundo dançar no embalo da sanfona.

O cantor alega que a nova música representa uma situação vivida por muitas pessoas. “Conta a história de superação de um amor não correspondido à altura. O amor aconteceu, mas um gostava mais que o outro”, pontuou em entrevista ao MASSA!.

Depois do show de lançamento, o público parece ter se aprovado a letra. “A gente chega nos lugares e as pessoas cantam o refrão”, garantiu.

O músico retorna a Salvador na próxima sexta-feira (21), com uma apresentação no Pelourinho.

O show representa o maior foco que Júlio está dando para suas composições autorais. “Eu tenho me dedicado muito a esse processo de músicas autorais e de lançar uma canção a cada São João”, completou.

Ele ainda revela que está cogitando aumentar o número de lançamentos anuais porque “o forró precisa de uma renovação”. “Existem muitos artistas consolidados, mas que estão com a idade relativamente avançada”, continuou.

Sanfoneiro há mais de 20 anos, o Imperador do Forró explica que tocar sanfona não é a tarefa mais fácil do mundo.

“A parte mais difícil é a mecânica do instrumento. Você precisa fazer três coisas ao mesmo tempo”, detalhou.

Segundo ele, para ser um bom sanfoneiro é preciso dominar as três partes do instrumento: o fole, o teclado e os baixos.

Apesar de requerer bastante habilidade, a relação com a sanfona facilita o trabalho do músico na hora de compor suas canções.

“Tocar sanfona ajuda muito na hora da composição, porque eu já tenho a capacidade de fazer um arranjo, corrigir uma melodia”, contou. Júlio admite que a parte mais complicada é a lírica, que acaba demandando mais tempo.

“Eu revejo várias vezes a letra. É o que toma mais do tempo”, acrescentou.

Concorrendo à Melhor Música do São João

Quem Manda em Mim Sou Eu mal chegou e já mostrou para o que veio. O single está disputando o título de Melhor Música do São João. A composição está dentre as 14 selecionadas para o Troféu Zelito Miranda, premiação promovida pela Rede Bahia e que homenageia o forrozeiro baiano que faleceu em 2022.

“Para mim, o mais importante é que são músicas produzidas por artistas da Bahia. O fato de artistas locais estarem produzindo, todo ano, para que suas músicas cheguem às pessoas”, avaliou Júlio César.

Apesar de não esconder a felicidade de estar disputando o prêmio, o sanfoneiro conta que não vai ficar triste caso, perca. “Esse troféu gera uma visibilidade muito grande e, ainda que eu não ganhe, acabo sendo parte de um grupo de artistas que foram selecionados para fazer parte de um concurso tão grande como esse”, revelou.

Sobrevivendo de forró na Bahia

Com uma longa carreira musical, Júlio César avalia que a Bahia não está propícia para o forró atualmente. Segundo ele, até durante o período junino está difícil para se manter sendo um representante do gênero musical.

Para o cantor, existem dois grandes motivos para esse cenário atual. O primeiro seria a invasão de outros estilos nas festas juninas. Já o segundo seria os artistas de fora tomando o lugar que deveria pertencer aos baianos.

“Tem artistas tomando espaço nas praças de São João, fazendo 15 shows, que ninguém nunca ouviu falar e que vieram de outros estados”, apontou.

O sanfoneiro ainda argumenta que quando artistas baianos vão para outras regiões não recebem o mesmo tratamento.

“Os artistas baianos de forró não têm espaço nos estados deles. Mas a Bahia abre espaço para todo mundo e tira dos músicos locais”, continuou.

Por fim, ele deixou um conselho para os forrozeiros que estão tentando ganhar a vida no território baiano. “O mais indicado é sair daqui e procurar outros lugares. Sobretudo o Sudeste, onde o forró tem um espaço maior do que o Nordeste, por mais complicado que isso possa parecer”, finalizou.

*Sob a supervisão do editor Jefferson Domingos

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