O São João bate na porta e o cheiro do milho já vem ao nariz. Além dos pratos típicos, uma coisa que não pode faltar é o forró pé de serra. Parte tradicional da cultura nordestina, o gênero se tornou uma das principais características dessa época. E a banda Forró Bom Todo nasceu com a responsabilidade de levar esse som “raiz” por onde passa.
O grupo foi formado nos anos 2000 por Abdon e seu amigo José Evandro. “Sempre escutei forró e gostei do ritmo. Em 2000, veio o Falamansa, com a inovação e a crescente do forró pé de serra. Nisso, surgiu a Forró Bom Todo”, explicou Evandro, zabumbeiro da banda.
Em meados de 2011, eles entraram em uma hiato e cada um seguiu para um lado. Dez anos depois, em meio à pandemia da Covid-19, eles decidiram retornar com o projeto. Agora, sob a liderança vocal de Vitor Kau, o grupo segue levantando a bandeira do forró pé de serra e defende a tradição nordestina.
O trio acredita que o forró está perdendo cada vez mais espaço para outras melodias. “Hoje, você não vê nenhum rádio tocando forró pé de serra. O que escutamos no rádio é o sertanejo, o pagode e o piseiro”, alegou Vitor. Para ele, o motivo para o público deixar de consumir esse tipo de música é a falta de visibilidade que o gênero sofre. “Hoje em dia, a produção musical está dando mais visibilidade a músicas mais comerciais”, completou Abdon Leone, sanfoneiro da banda.
E com essa missão de levar pé de serra para todo canto, o Forró Bom Todo tem importantes compromissos no ‘Sanju’ da Bahia. Na sexta-feira (23), toca em Feira de Santana. No dia seguinte, em Ouriçangas. Já no dia 30, o grupo se apresenta em Sátiro Dias.
O "fast food" da música
Para Abdon, o mercado musical atual é composto em maioria por canções feitas para consumo rápido, chegando a comparar com um “fast food”. O sanfoneiro argumenta que atualmente um dos responsáveis por essa crescente é a rede social TikTok. "Daqui a pouco, as músicas só vão ter 15 segundos. Será o refrão, o movimento (dancinha) e acabou", disparou.
Por fim, os três amigos reafirmam que esse cenário atual não os desanimam em continuar tocando suas canções. “Não vamos nos influenciar se o ritmo está em alta ou baixa. Nós temos nossa identidade e valorizamos o gênero independente de qualquer coisa”, pontuou Evandro, zabumbeiro do trio. Ele também ressaltou a importância desse período. “O São João é uma festa genuinamente nordestina que temos que valorizar e não deixar se apagar”, finalizou.
*Sob a supervisão do editor Jefferson Domingos